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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Intervenções assustam os capitais

O recuo do capital internacional não é só
fruto da crise européia
Dificilmente o dólar abandonará sua tendência de alta. Não se trata da crise européia. Apenas. Mas do protagonismo estabanado que as paixões ideológicas provocaram nas nossas relações com os capitais nacionais e internacionais.
Internamente, em muito pouco tempo, o governo federal ameaçou as montadoras com a abertura de seus números para entendimento dos elevados custos de produção de veículos no Brasil. Pouco antes, havia exposto produtores rurais ao antagonismo com a sociedade em geral e, por fim, transformou os bancos em inimigo número 1 do crescimento nacional.
Não satisfeito, procedeu a reiteradas intervenções nos mercados de juros e no de câmbio, alcançando resultados não esperados e provocando desequilíbrios, cujos controles parece lhe fugir das mãos. Desonerações e protecionismos marcam a quebra das regras do jogo e, mais recentemente, a forma autoritária das práticas, no campo das relações internacionais, provoca insegurança e afasta investimentos.
Em relação à América Latina, vivemos um verdadeiro constrangimento provocado pelas recentes nacionalizações ocorridas em passado muito recente. A cada dia, novas declarações de líderes regionais instigam os investidores e acobertam práticas delituosas associadas ao tráfico de drogas e de armas. Bolívia, Equador e Venezuela não podem ser considerados jóias da democracia contemporânea. Basta consultar a forma como seus líderes se elegem, ou reelegem, e como governam. Sobre eles, incluindo o atual governo argentino, pairam sérias acusações de desrespeito permanente à imprensa livre e aos direitos de expressão.
Em outras palavras, não deveria haver presteza tão inusitada em tomar posições sobre o governo paraguaio, até porque, como afirma o ministro Patriota “o Brasil costuma reconhecer Estados, não governos”.
A fala do ministro foi fatal para as intenções punitivas de que se revestem as declarações de nossa presidente. Problemas de soberania nacional não devem sofrer ingerências dessa natureza. Não cabe a países estrangeiros definir ou palpitar sobre governos nacionais, pelo menos enquanto o estado de direito estiver preservado.
Esse alinhamento ideológico é pernicioso às necessidades brasileiras de capitais estrangeiros. O Brasil não consegue realizar os investimentos referentes às verbas empenhadas em seu orçamento nacional. Está sempre abaixo das metas orçamentárias. A poupança nacional mostra-se insuficiente para fazer face a essas necessidades.
O trinômio que pressupõe a continuidade da inclusão é formado por investimentos, empregos e renda. Daí porque não se pode prescindir do capital internacional, nem afugentá-los. Mas, com esse tratamento os investidores assistem a insegurança crescer, a previsibilidade comprometer-se e a certeza do cumprimento aos contratos assinados esvair-se.
Vivemos um momento infeliz no plano de nossa diplomacia com países, governos, empresas e investidores.
A culpa não é da crise na Europa. Ao contrário, os capitais nesse instante buscam por um porto seguro, que, lamentavelmente, o Brasil deixou de ser.

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