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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Ajustes no setor financeiro

Bancos travam a maior de suas batalhas
Diante de um cenário econômico retraído, o governo baixa a taxa básica de juros e pressiona os spreads bancários. A recuperação da atividade econômica esperada para o segundo semestre desse ano já sofre algum adiamento e sua intensidade prevista também é menor. Nessas circunstâncias, nem o PIB, nem o crédito apresentarão desempenhos favoráveis.
O pleno emprego está ameaçado e o crescimento da renda real e da massa salarial será menor que o alcançado em passado recente.
A qualidade dos créditos concedidos está agravada e sua melhoria pode vir com a queda nas taxas de juros. Há que se reconhecer, entretanto, que só baixar juros não será suficiente. O crescimento do PIB é o fator decisivo para a redução expressiva da inadimplência.
A combinação da queda na taxa básica de juros e a pressão do governo sobre os bancos, visando reduzir o custo dos empréstimos, devem produzir uma erosão consistente nos spreads, daqui para frente. Contudo, esperamos uma erosão mais estável, pois os bancos contam com alguma proteção para as margens, proveniente de suas carteiras com taxas fixas. Por sua vez, a queda nos custos dos empréstimos deve sustentar uma melhor qualidade do crédito.
Tudo aponta para um cenário menos favorável para os bancos. Nesse sentido, os preços das ações dos grandes bancos já refletem esse ambiente mais agressivo. Os retornos do setor deverão estar submetidos a pressões intensas, adicionadas ainda das incertezas produzidas pelo ambiente bancário europeu.
Esses tempos difíceis que se iniciam agora para o sistema bancário nacional pedem medidas de ajustes para evitar uma perda acentuada de suas rentabilidades. Custos operacionais devem ser objetos de controles mais rígidos. Planos de expansão devem ser revisados e muitos dos investimentos previstos precisarão ser adiados ou suspensos. A abertura de novas agências precisará de estudos mais acurados dos mercados servidos e de um maior entendimento de suas respectivas atratividades. Aquisições têm apontado para as dificuldades de obtenção de sinergias e invariavelmente pressionam as despesas operacionais. É momento de aprofundar os relacionamentos com as bases de clientes, ampliando suas operações com esses públicos e otimizando a rentabilidade das unidades operacionais encarregadas da distribuição de seus produtos e serviços. As estratégias para preservação da rentabilidade passam pelos estudos de marketing que possam apontar para estratégias competitivas robustas e diferenciadas em relação àquilo que a concorrência mais direta esteja praticando.
Há tempo para tudo isso. Os bancos contam com alguma proteção, no curto prazo, para evitar a forte deterioração de suas margens, proveniente, como dissemos, de suas carteiras embasadas em taxas fixas. Mas, isso não afasta a urgência de medidas voltadas à expansão das receitas em velocidade superior à da expansão dos custos da operação.
Por outro lado, os empréstimos já estão precificados em níveis novos e, claro, mais baixos. Isso pode ser um impulsionador do crédito, promovendo uma vertente contrária à perda de margens, por meio do crescimento dos volumes de créditos, sempre que seja acompanhada pela melhoria acentuada na qualidade do crédito.
Em tudo isso há um último ponto a considerar. A expansão do crédito e a expansão do PIB podem trazer inflação. Seria irônico observar, em algum ponto do futuro, o governo ser obrigado, pelo descontrole dos preços, a rever sua política de juros.

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