Na China, as coisas não vão bem.
O mundo espera com ansiedade por uma
recuperação da Ásia, em especial, na China. Em termos econômicos, tudo poderia
mudar a partir da retomada chinesa. Entretanto, não é isso que os números da
semana passada disseram.
A expansão industrial foi muito modesta, resistindo aos
estímulos concedidos até aqui pelo governo de Pequim (dois cortes na taxa de juros e a redução do compulsório). Na verdade, desde o
início desse ano, a produção apresenta uma expressiva tendência de redução,
mesmo que em alguns momentos tenha registrado breves suspiros que pudessem alimentar
esperanças sobre eventual reversão de sua direção.
O nível de atividade também não vai bem e,
de positivo, apenas contribuiu com a redução da inflação para o consumidor
daquele país, no mês de junho.
As vendas do varejo seguem em queda e o
balanço comercial, de julho, desapontou o mercado por seu resultado ainda mais
fraco. Desde janeiro de 2010, as importações e as exportações chinesas recuam
consistentemente, em um continuado processo de perda de dinamismo de seu
comércio. Seus maiores importadores, Estados Unidos e Europa, na base da crise
global, retraíram fortemente suas compras e explicam o mau desempenho da
indústria chinesa.
Internamente, as vendas no varejo também
permanecem em queda. Todos esses indicadores evidenciam que o governo de Pequim
tem sido frustrado em suas tentativas de substituir o mercado internacional
pelo mercado interno.
A estratégia de ampliação do consumo esbarra
no quadro das imensas desigualdades sociais e econômicas embutidas do modelo
chinês. A vantagem comparativa, construída sobre os baixos custos da mão de
obra, teve como consequência natural a criação de uma demanda concentrada em
produtos primários.
A desinflação observada a partir do último
trimestre de 2011 corrobora a estrutura da demanda, centrada em produtos
básicos.
As autoridades econômicas chinesas estão
envolvidas com a mesma problemática do resto do mundo. O mercado externo veio
abaixo e a capacidade de produzir ficou muito maior do que a capacidade
consumir. Os preços despencaram, o emprego rareou, a renda caiu e o consumo tornou-se
cada vez mais primário.
Nessa altura dos fatos, entram em campo as medidas anticíclicas, dependendo
das características de cada economia. Especificamente na China, o governo
imagina que aumentar investimentos para ampliar o emprego não seria a solução. A
infraestrutura está ociosa e a retração aumenta a inutilidade das obras. Juros
ainda podem ser baixados e depósitos compulsórios também podem ser reduzidos.
Mas, como se sabe, o sistema financeiro chinês não é dos mais saudáveis e um
estímulo ao crédito certamente levaria à inadimplência muito rapidamente,
expondo a fragilidade dos financiadores.
Melhor seria fortalecer o
consumo pela vertente do aumento da renda real de sua população. Isso sim,
traria aumentos mais substanciais de consumo e, ironicamente, da inflação.
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