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domingo, 12 de agosto de 2012

A semana que passou 1

Na China, as coisas não vão bem.
O mundo espera com ansiedade por uma recuperação da Ásia, em especial, na China. Em termos econômicos, tudo poderia mudar a partir da retomada chinesa. Entretanto, não é isso que os números da semana passada disseram.
A expansão industrial foi muito modesta, resistindo aos estímulos concedidos até aqui pelo governo de Pequim (dois cortes na taxa de juros e a redução do compulsório). Na verdade, desde o início desse ano, a produção apresenta uma expressiva tendência de redução, mesmo que em alguns momentos tenha registrado breves suspiros que pudessem alimentar esperanças sobre eventual reversão de sua direção.
O nível de atividade também não vai bem e, de positivo, apenas contribuiu com a redução da inflação para o consumidor daquele país, no mês de junho.
As vendas do varejo seguem em queda e o balanço comercial, de julho, desapontou o mercado por seu resultado ainda mais fraco. Desde janeiro de 2010, as importações e as exportações chinesas recuam consistentemente, em um continuado processo de perda de dinamismo de seu comércio. Seus maiores importadores, Estados Unidos e Europa, na base da crise global, retraíram fortemente suas compras e explicam o mau desempenho da indústria chinesa.
Internamente, as vendas no varejo também permanecem em queda. Todos esses indicadores evidenciam que o governo de Pequim tem sido frustrado em suas tentativas de substituir o mercado internacional pelo mercado interno.
A estratégia de ampliação do consumo esbarra no quadro das imensas desigualdades sociais e econômicas embutidas do modelo chinês. A vantagem comparativa, construída sobre os baixos custos da mão de obra, teve como consequência natural a criação de uma demanda concentrada em produtos primários.
A desinflação observada a partir do último trimestre de 2011 corrobora a estrutura da demanda, centrada em produtos básicos.
As autoridades econômicas chinesas estão envolvidas com a mesma problemática do resto do mundo. O mercado externo veio abaixo e a capacidade de produzir ficou muito maior do que a capacidade consumir. Os preços despencaram, o emprego rareou, a renda caiu e o consumo tornou-se cada vez mais primário.
Nessa altura dos fatos, entram em campo as medidas anticíclicas, dependendo das características de cada economia. Especificamente na China, o governo imagina que aumentar investimentos para ampliar o emprego não seria a solução. A infraestrutura está ociosa e a retração aumenta a inutilidade das obras. Juros ainda podem ser baixados e depósitos compulsórios também podem ser reduzidos. Mas, como se sabe, o sistema financeiro chinês não é dos mais saudáveis e um estímulo ao crédito certamente levaria à inadimplência muito rapidamente, expondo a fragilidade dos financiadores.
Melhor seria fortalecer o consumo pela vertente do aumento da renda real de sua população. Isso sim, traria aumentos mais substanciais de consumo e, ironicamente, da inflação.

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