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domingo, 26 de agosto de 2012

Depois da inflação, o câmbio.

O câmbio será a próxima preocupação
A reação econômica brasileira, ainda que lenta, trará uma nova enxurrada de dólares ao país. A demanda nacional estará mais ativa, sugerindo às empresas multinacionais aqui instaladas a necessidade de aumentos dos investimentos externos diretos, sob pena de perdas de suas participações no mercado local. Em paralelo, o programa de privatizações, recém-anunciado, se bem-sucedido, engrossará substantivamente o influxo de capitais para o país. Completando o quadro futuro da oferta excessiva de dólares, a bolsa de valores trará capitais externos em grandes quantidades, quer porque os preços desses ativos estão em níveis atraentes, quer porque as empresas listadas em bolsa apresentarão resultados crescentes, refletindo a expansão da demanda local.
A bem da verdade, essa liquidez excessiva sempre interessou aos governantes, que se utilizaram dela para manter a inflação nacional em patamares baixos. Também é verdade que essa política cambial acabou reconhecida como uma das principais causas do sucateamento industrial brasileiro.
De março para cá, o país vive uma circunstância curiosa em relação à taxa cambial. Tendo atingido os R$2,00 por dólar, os exportadores nacionais experimentaram uma situação inusitada nos últimos tempos, usufruindo de uma recuperação parcial nos resultados de suas exportações. Também assistiram à imposição de uma barreira parcial a sua concorrência mais direta. Mas, francamente, para a reconstrução da competitividade industrial brasileira, o dólar precisaria estar valorizado em R$ 2,50, como, aliás, o próprio ministro Mantega reconheceu em passado recente.
Entretanto, a taxa atual, na casa dos R$ 2,00 só foi alcançada graças ao agravamento da situação internacional, sobretudo na Europa, que elevou o risco-Brasil e, por isso, reconduziu à origem, parte da liquidez da moeda internacional existente no país. Contribuiu também de maneira decisiva, a redução das taxas de juros, aguçando a aversão a risco, na medida em que comprometeu as remunerações dos especuladores nacionais e internacionais. Para conservar seu valor atual, a taxa de câmbio ficou dependente das intervenções quase diárias do Banco Central no mercado.
O dilema remanesce insolúvel. O câmbio flutuante, mesmo com as mal concebidas restrições criadas ao capital estrangeiro, não darão conta de desvalorizar ainda mais o real. Disseminam-se fortes dúvidas sobre a manutenção do valor de R$ 2,00 por dólar, em caso de recuperação da economia nacional.
Se o problema é a liquidez, que tal abrir um enorme programa de importações com o objetivo de acelerar a atualização tecnológica nacional? A entrada da moeda norte-americana poderia ser tão grande quanto à saída que essas importações produziriam. E o país, conseguiria mesmo atingir um razoável grau de modernizado? Há mão de obra técnica disponível para essa modernização?
Veja, portanto, que o problema não é o capital. Ele existe de forma abundante. O carro pega é na educação nacional, incapaz de formar pessoas aptas ao trabalho mais sofisticado e melhor remunerado.

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