BC defende a criação de índice
de preços de imóveis
Veículo: DCI - Data: 22/03/2010 - Karina NappiSÃO PAULO - O setor imobiliário brasileiro pode receber um novo índice econômico, afirmou o diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Alexandre Tombini. Ele sugeriu que o BC em parceria com uma entidade de renome como a Fundação Getúlio Vargas (FGV) ou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) criem um índice para acompanhar a evolução de preços no setor imobiliário.
"Temos que avançar com a criação de um indicador de preços para monitorar o mercado. É uma lacuna a ser preenchida no curto prazo", disse Tombini, em palestra para o empresários e representantes do setor.
Na opinião do economista e diretor da Fractal, Celso Grisi é realmente necessária a criação de um índice imobiliário.
"Apesar de existirem índices como o INCC (construção civil) não existe um real para imóveis urbanos, no máximo trabalhos de empresas privadas que informam o público, na maioria das vezes com preços anunciados, que diferem em média 30% do real. Assim, de fato é necessário a criação de um índice para representar a oferta e a procura do setor imobiliário, principalmente nas capitais do País", pontuou.
Segundo Tombini, essa é uma agenda de "curto prazo", mas cuja discussão ainda está no início.
"Superada a fase de discussão, de encontro de fundo para a criação, o índice consegue sair em três meses. Até julho a FGV, por exemplo, já conseguiria divulgar os dados, nas principais capitais principalmente, o que faria mais sentido", afirmou Grisi.
Grisi alerta, no entanto, que para ser feito o índice seria necessário um rigor metodológico, ou seja, entrevistas pessoais para pesquisa de mercado para ponderar as condições de compra e venda e ajustar o valor com a inflação, para a criação de uma série histórica, de encontro com outros índices dos estados.
Questionado pela reportagem sobre o peso do novo índice na política monetária do BC, o economista afirmou que será um fato relevante, uma vez que afetaria a atividade econômica do País e passaria a influenciar na construção de imóveis e no comércio de unidades antigas.
"Há uma necessidade de termos um indicador de preços confiável, robusto e com bastante abrangência. Não só para o mercado definir estratégias e mensurar riscos, mas também para o monitoramento do regulador e por parte das próprias instituições. Precisamos avançar nisso, tendo em vista as perspectivas para o segmento de crédito imobiliário", disse o diretor do BC.
Para Tombini, o crédito imobiliário vai crescer mais que outras linhas nos próximos anos, liderando a expansão do crédito no Brasil. "E, para que esse crescimento se dê em bases sustentáveis, é importante ter informações confiáveis para desenho das políticas", disse.
Segundo Grisi, há uma tendência de alta do segmento de crédito para o setor de imóveis.
"O crescimento do crédito imobiliário é uma tendência natural, elevar o crédito imobiliário é substituir o aluguel e proteger as finanças familiares. Contudo, não devemos pensar que o Brasil pode ser vítima da crise do setor imobiliário, assim como aconteceu com os Estados Unidos no último ano. No País, os empréstimos e financiamentos são feitos mediante ao pagamento de no mínimo 20% do valor do imóvel. Não é possível fazer uma segunda hipoteca sobre a mesma propriedade e há a garantia de retomada rápida do imóvel por parte do financiador, no caso, o banco", explicou o economista.
O diretor enfatizou a importância da segurança nos financiamentos, especialmente na "originação do crédito", para evitar problemas futuros para a economia. "A qualidade da expansão do crédito é muito importante. “O BC está atento para atuar com medidas de caráter prudencial”, disse.
Tombini ressaltou que o avanço do mercado imobiliário está ocorrendo por conta da estabilidade macroeconômica e também pelo melhor "arcabouço legal", mas ressaltou que o nível de crédito imobiliário em relação ao tamanho da economia no Brasil ainda é baixo, tendo bastante espaço para crescer. "Nosso dever é cuidar para que isso ocorra em bases sólidas e sustentáveis."
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