Aumento da Selic deveria ser adiado para final do segundo semestre
10/03/2010Não há uma razão para um aumento na taxa básica de juros, a Selic, no primeiro semestre deste ano, pois a inflação está um pouco acima da meta, mas ainda sob controle, afirma Celso Grisi, economista e professor-titular da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidde da Universidade de São Paulo).
Nesta quarta-feira (10), a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) divulgou um comunicado posicionando-se contra uma possível alta na Selic, a ser anunciada na próxima quarta-feira, quando acontecerá a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
Segundo o economista, a redução de liquidez no mercado provocada pelo aumento do recolhimento dos depósitos compulsórios, promovido pelo Banco Central, também contribuiu para reduzir a expansão de crédito, estabilizando o crescimento do País e reduzindo a necessidade de uma alta de juros neste momento da economia brasileira.
“A capacidade de produção instalada pode ser melhor, ainda podemos crescer mais. Então não há razões para subir os juros agora. Uma alta vai ser necessária sim, mas só lá pelo meio de junho, julho”, afirma.
Outro ponto levantado por Grisi para justificar o temor de alguns segmentos do mercado quanto a essa alta é a diminuição no nível de empregos, sobretudo no setor industrial. “Uma alta de taxas de juros tem o objetivo de reduzir o ritmo de crescimento, então tem efeitos sobre a economia, provoca uma redução na oferta de empregos, atrapalhando a indústria”, complementa.
Essa opinião é compartilhada por Homero Guizzo, economista da LCA Consultoria, pois para o especialista o aumento nas taxas de juros dificulta a concessão de crédito, encarecendo os custos de manutenção e os encargos trabalhistas.
Contudo, o economista afirma que a alta da Selic não vai conter a recuperação do setor industrial, pois esta já está em curso, mas em um ritmo mais lento. “Mesmo que o Banco Central faça um aumento cataclísmico [na taxa de juros] o crescimento industrial estaria em um nível mais baixo”.
No entanto, os dois especialistas apontam que existe sim uma necessidade de aumento na Selic, mas este pode ser adiado para o final do primeiro semestre, entre os meses de junho e julho. Segundo Guizzo, esse aumento seria de 0,50%.
Por Rosangela Sousa
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