A negação do livre comércio
A subvalorização do yuan provoca reações negativas à China nos salões de café e estar da OMC. A boca pequena o comentário é de que a instituição esforça-se durante um longo período para obter uma redução da tarifa média, no mundo, de 10%, enquanto a China subvaloriza sua moeda em 30%. A sensação é de que a política cambial monetária opõe-se aos esforços do órgão. Faz sentido.O FMI alerta que a apreciação da moeda é necessária para o próprio reequilíbrio da economia chinesa e para um maior incentivo a demanda interna do país. Faz sentido, também.
O Banco Mundial insiste que a apreciação da moeda ajudaria a controlar as pressões inflacionárias e combater eventuais bolhas de preços em determinados setores da economia. Sentido total.
A forte e imediata reação das autoridades mostra que os chineses estão acusando o golpe. Já perceberam que terão que mudar a política cambial, sob pena de começarem a sofrer um eventual isolamento comercial. As medidas compensatórias começaram a pipocar. Multiplicam-se, mundo a fora, as sobretaxas aos produtos importados daquele país. Brasil inclusive, com sua sobretaxa a calçados importados da China.
A resistência chinesa é compreensível. Desde o início, taxas cambiais estiveram subvalorizadas e deram à China a possibilidade de crescimento. É que, a partir da recente crise, o custo social de tanta moleza tornou-se insuportável para norte-americanos e europeus e não está mais sendo aceito pelos países que lutam pelo livre comércio. Começam a cobrar. E agora, mais fortemente. As circunstâncias já não permitem a manutenção do desequilíbrio cambial. Para nós seria uma grande vitória, não fosse a preocupação com uma eventual redução nas nossas exportações de commodities.
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