Veículo:
Portal Executivos Financeiros
Data:
12/03/10
Artigo: Janeiro e Fevereiro apontam limites para o crescimento do
crédito - Por Celso Grisi,
12/03/2010
12/03/2010
Na
vida do brasileiro comum as dívidas têm crescido mais que sua renda. É hora
de rever o ritmo do consumo ou dos investimentos pessoais. Ainda que, a época
do ano sugira uma maior demanda por empréstimos, em função dos tributos de
início de ano, dos saldos negativos com os gastos criados com férias e festas
de final de ano e das despesas com escolas e materiais escolares. O
consumidor começa a mostrar seu aprendizado em relação à administração de sua
renda futura. Lições que a história econômica recente deixou.
No crédito à pessoa jurídica, a retração era esperada em função da redução do
ritmo da economia no início de ano. Também os agentes financeiros estão mais
cautelosos na concessão de empréstimos. Conhecem bem esse risco. Retraem-se,
enquanto os bancos públicos crescem a participação nesse mercado. Faz pensar
que os bancos públicos podem estar emprestando a quem não aprendeu ainda
administrar a renda e que, possivelmente, possam estar endividados para acima
dos limites das boas práticas das finanças pessoais. Isso pode acabar em
aumento de seus níveis de inadimplência ou insolvência, no prazo médio. Seria
necessário então aumentar as provisões. Não é isso que se vê nos agentes
públicos.
Os dados do Banco Central mostram que os juros cobrados ao consumidor, estão
sujeitos a uma dispersão absolutamente inaceitável. Cobra- se pelo dinheiro
taxas que variam de menos de 1,0% ao mês até taxas de mais de 12% ao mês,
para a mesma modalidade de empréstimos. A lógica para fixação de taxas com
intervalos de tal amplitude não encontra racionalidade nem explicações
econômicas plausíveis. De qualquer forma, elas revelam, pelos exageros que
contém que o sistema financeiro também está cauteloso. A cautela, portanto,
atingiu a oferta e a demanda, simultaneamente.
O crédito começa a se deparar com os limites de seu próprio crescimento.
Coisas das “mãos invisíveis”. Fica, então, a impressão que o
Banco Central identificou a hora exata para fazer o aumento dos depósitos
compulsórios. A liquidez mais enxuta não encontrou grandes protestos do
sistema financeiro. Os bancos não sobraram com tanto dinheiro em mãos.
Dinheiro nas mãos dos bancos, sem poder aplicá-lo, é um “tijolo
quente”. Tem custo e não podem ser repassados, pois o mercado por juízo
se retraiu. O Banco Central, ajuizado como é, recolheu todos os tijolos para
si. Equilíbrio geral no mercado!
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