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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

REvisão do PIB nos Estados Unidos

EUA: Segunda leitura do PIB do 2T11
não deve superar alta de 1,3%
Veículo: Agência Leia   -   Data: 26/05/11
 Paula Selmi / Agência Leia
São Paulo, 26 de agosto de 2011 - A segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos para o segundo trimestre de 2011 deve ser menor do que a primeira, quando foi apontada alta de 1,3%, de acordo com estimativas dos analistas ouvidos pela Agência Leia.
O diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi, prevê uma queda de 0,3 a 0,5 ponto percentual em relação à primeira leitura, em decorrência da revisão de alguns dados, como a taxa de desemprego e a balança comercial dos Estados Unidos. Ele lembra que quando o PIB apresenta um progresso um pouco melhor, o resultado não é convertido em criação de postos de trabalho, gerando uma relação recessiva entre a produção do país e a taxa de empregos. "O país pode até estar gerando riqueza, mas as empresas, procurando mais eficiência, preferem investir de outras formas, que não seja a criação de novas vagas".
Russ Koesterich, estrategista-chefe de investimentos da Blackrock, também acredita em uma baixa 0,3 a 0,5 ponto percentual ante a expansão de 1,3% da primeira leitura, e diz que junto com outros fatores, o fraco desempenho de consumo e a baixa confiança dos norte-americanos afetarão o PIB do país no segundo trimestre. "Os Estados Unidos vêm passando por um momento turbulento.
O valor muito alto da dívida, o recente rebaixamento da nota de crédito do país de 'AAA' para 'AA+' e a grande volatilidade do mercado, tudo isso afeta o PIB", completa.
Koesterich acredita que o acordo entre o governo do presidente Barack Obama e os republicanos para elevar o teto da dívida e reduzir o déficit público não podia ser mais desfavorável para a economia. "Todo pacote de austeridade é ruim para o crescimento econômico, e no caso dos Estados Unidos, os cortes no orçamento e algumas medidas tarifárias irão desestimular o desenvolvimento, a produção e o consumo", declara.
O vice-presidente e diretor de pesquisas do Committee for Economic Development (CED), Joseph Minarik, que estima um crescimento menor que 2% na taxa anualizada do PIB do segundo trimestre, afirma que não há notícias que sugiram uma aceleração significativa na economia dos Estados Unidos. "O consumo das famílias continua fraco, por causa do lento crescimento de renda.
Os gastos locais e federais também permanecem fracos e as construções de habitação estão se recuperando em um ritmo muito lento, comparado a quatro ou cinco anos atrás", comenta. Minarik explica que a deficiência do setor imobiliário é causada pelo excesso de oferta, não por falta de produtividade e competitividade, e afirma que é necessário um aumento no consumo do mercado imobiliário. "A economia dos Estados Unidos é muito competitiva, e nós geralmente esperamos que a maior parte dos setores da economia estejam no seu máximo de produtividade", aponta.
Em declaração feita semana passada, William Dudley, presidente do FED de Nova York, disse que apenas alguns dos obstáculos ao crescimento do PIB podem ser considerados temporários, como a alta do petróleo e o terremoto no Japão, mas que nem toda a fraqueza deveu-se a esses fatores. Segundo Minarik, após um certo tempo, fatores temporários não podem mais ser classificados como tal. "O mercado imobiliário continuará sendo um peso morto na economia por um tempo, tornando difícil o aumento de empregos, que por sua vez, segura o consumo. Essas forças recessivas irão permanecer por um bom tempo ainda",
explica.
O problema, de acordo com Grisi, está na estrutura interna do país. "O  valor do déficit está muito alto e o governo não tem mais capacidade para consertar o orçamento e induzir a economia. Isso acontece desde 1996, é a herança maldita deixada pelos antecessores", analisa.
Koesterich, da Blackrock, diz que os fatores transitórios podem ter acentuado a crise, mas "a recuperação econômica está em ritmo muito lento para considerarmos só isso como o problema". "Estamos caminhando muito devagar e ainda deve continuar assim por mais três anos. Nada se resolve da noite por dia", diz.
Grisi acrescenta que para o terceiro trimestre ultrapassar expansão de 1,5%, o governo terá que mudar sua política econômica e tomar três medidas, que ele considera, essenciais. "Tem que haver cortes de despesas, arrecadação de taxas sobre os mais ricos e investimentos públicos, incluindo em infraestrutura, que estimulem a renda. Caso contrário, os Estados Unidos irão repetir esse desempenho medíocre", declara.

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