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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Deitado em berço esplêndido

Hesitação do Senado dos Estados Unidos levará a redução da nota da dívida soberana
A semana nos Estados Unidos foi uma exibição do cinismo republicano. Produziram a crise e estão utilizando a situação que criaram para “fritar” o presidente Obama nas próximas eleições. Esse jogo já vinha sendo percebido pelo eleitorado do país e tornou-se óbvio nesses últimos dias, sobretudo após o tuitaço do presidente.
Embora o adiamento da votação, na sexta-feira, sobre o limite de endividamento, a Câmara Baixa aprovou um novo limite de endividamento. Sobrou no colo do Senado que já não terá como resistir. É muito cedo para dizer quem ganhou, nessa queda de braços entre democratas e republicanos. Fácil é dizer quem perdeu. Daqui pra frente, sem a confiança do investidor, os Estados Unidos terão sua dívida rebaixada pelas principais agências de ratings.
Reserva de valor em dólar? Moeda internacional de troca? O dólar estará em queda em relação às outras moedas e perderá seu status de preservação de valor. O mundo buscará um substituto a ele por entender que já não é mais a moeda de reserva de primeira ordem. A brincadeira vai custar caro. Muito caro.

A vaga está aberta, esperando candidaturas novas.
Investidores se voltaram, no primeiro momento, para algumas commodities e para o franco suíço. Outros ativos, entretanto, podem inspirar maior segurança e, lentamente, substituir o dólar. Tivesse o real obtido sua conversibilidade plena e estaríamos na parada. Não alçamos a conversibilidade, por que para isso teríamos que apresentar um expressivo superávit nominal, o câmbio flutuante, como é, e a inflação determinada pelo centro da meta, mas definitivamente comprometida com ele.
Teríamos inclusive dado sustentação ao projeto Ômega, do qual nada mais se falou. O projeto Ômega faria do Brasil o maior centro financeiro regional, desbancando as pretensões chilenas e rivalizando- se diretamente com Miami. Seriam 4.000 novos empregos diretos, muito bem remunerados. Pessoalmente entendo que ainda há tempo.
O PIB norte-americano do segundo trimestre decepcionou. Cresceu míseros 1,3%, enquanto os dados do primeiro trimestre foram revisados para baixo, para 0,4%. Para completar, o ISM de Chicago e a Confiança do Consumidor também frustraram as expectativas do mercado.
O momento é brasileiro. O gigante americano hiberna. Deitou-se no esplêndido berço deixado pelo Brasil. E dorme. Durma em paz.

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