Crise internacional pode interferir nas exportações brasileiras
Veículo: Economia SC - Data: 10.08.11
Para o professor da USP, Celso Grisi, “o Brasil pode reduzir sua carga de impostos com uma mini reforma tributária".
Nesta quarta-feira (10), a França anunciou que está preparando pacote de medidas para reagir à crise econômica mundial. A Itália informou que irá adotar medidas de austeridade para garantir equilíbrio fiscal.No Brasil, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que o mercado interno já ajudou o Brasil a superar a crise em 2008, e dessa vez não será diferente. Economistas também opinam que País está preparado para as turbulências, porém deverá ter suas exportações ameaçadas. Entre os produtos exportados, os manufaturados poderão ser os mais prejudicados.
Para Rogério Cesar de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a Europa sofre uma crise de países com dificuldade de gerar crescimento, renda e de se financiar. Como o mercado interno destas nações está fragilizado, a saída para elas será investir nas exportações e torná-las mais competitivas. Os Estados Unidos não enfrentam problemas para se financiar, porém não conseguem incentivar sua economia a não ser através da desvalorização do dólar, que ocasiona exportações americanas a preços baixos e dificuldades para outros países exportarem.Souza destaca que as exportações de commodities, que representam a maior parte do que o Brasil vende para o exterior, podem ser menos rentáveis a partir de agora. "Os investidores correram para comprar títulos dos Estados Unidos, o que já resultou em queda de preços de commodities". A queda de preço afeta a balança comercial brasileira, que está positiva por causa da valorização das commodities.
Cristina Helena de Mello, professora de macroeconomia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), opina que os EUA não podem, neste momento, gerar receita com aumento de impostos. Ela explica que isso ficou proibido na negociação realizada na semana passada no Congresso para aumentar o teto da dívida do país. A solução é cortar gastos, o que influencia diretamente no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). "Com menos atividade econômica, menores são as importações dos Estados Unidos. Eles são um dos grandes parceiros do Brasil e deverão importar menos". A professora Cristina concorda com Tombini e acredita que o Brasil pode compensar essa perda com o consumo interno.
Crescimento da economia nos EUA
Professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e diretor-presidente do Fractal Instituto de Pesquisa, Celso Grisi afirma que as exportações brasileiras deverão sofrer impacto "razoável" porque haverá uma redução no ritmo de crescimento da economia mundial e diminuição das importações dos Estados Unidos e da Europa. Uma das consequências será a diminuição das exportações da China para esses países e a redução da sua atividade econômica. A China também comprará menos.
Para enfrentar a crise, Grisi explica que "o Brasil pode reduzir sua carga de impostos com uma mini reforma tributária. O País já está desonerando a folha de pagamento em alguns casos, mas pode fazer uma reforma trabalhista que torne a legislação mais flexível. Pode reduzir a taxa de juros e com isso valorizar o câmbio nacional. Pode voltar com a política expansionista de crédito", diz o professor.
Ele lembra que, entre os setores de manufaturados, o primeiro a sofrer com a crise deverá ser o automobilístico. Indústrias de equipamentos de base e de peças também poderão ter queda nas exportações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário