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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

SC deve repetir a estratégia de 2008
Veículo:    Diário Catarinense
Data:                   10/08/11
Jornalista: ALESSANDRA OGEDA
Mercado interno será a salvação para a indústria do Estado mais dependente do consumo americano
Escaldados pela crise de 2008, a indústria catarinense deve repetir a fórmula para atravessar a nova turbulência global: voltar toda a sua força para o mercado interno.
Além de ter importantes parceiros comerciais em apuros na Europa, boa parte dos empresários do Estado acompanha de perto a nova onda de recessão que se arma nos EUA, principal comprador dos produtos fabricados aqui.
– Empresas catarinenses como a Weg, que exporta motores, e a Embraco, com os compressores, devem ser afetadas. Assim como têxteis, calçadistas e autopeças, setores que tradicionalmente exportavam para os EUA – afirma o diretor-presidente do Instituto de Pesquisa Fractal, Celso Grisi.
Nos últimos três ou quatro anos, indústrias inteiras de SC, especialmente a moveleira e a têxtil, já reduziram os embarques aos EUA e adaptaram seus produtos e preços ao mercado interno, impulsionado pela nova classe média ávida para entrar no mercado de consumo.
A gota d’água pode ter sido a crise de 2008, mas a concorrência internacional e o dólar desvalorizado também contribuíram. E a mudança de estratégia não foi fácil.
– No mercado interno, temos os limitadores da saturação (de produtos) e a competição dos importados – diz o diretor de Relações Institucionais da Federação das Indústrias de SC, Henry Quaresma.
Após 2008, a indústria catarinense voltou a exportar mais em 2010. Mas os US$ 7,58 bilhões somados no ano passado, favorecidos pela valorização dos alimentos e das matérias-primas no exterior – setores que respondem por sete dos 10 maiores volumes exportados por SC em 2010 – ficaram aquém do resultado pré-crise.
– Mesmo que alguns segmentos sejam mais afetados do que outros, algo é certo: a redução da atividade econômica mundial será muito forte – afirma o diretor-presidente do Instituto Fractal, Celso Grisi.
No Brasil, ele acredita que sofrerão mais os estados que são grandes exportadores de commodities (matérias-primas negociadas em Bolsa) agrícolas e minerais, o que não é o caso de SC.
Trata-se de um efeito cascata. EUA e Europa compram menos produtos fabricados na China, que compra menos matéria-prima no mercado internacional – as commodities representaram 71% do valor exportado pelo Brasil de janeiro a maio desde ano.
Na avaliação do presidente da Fiesc, Alcantaro Corrêa, os empreendedores do Estado estão mais preparados agora do que em 2008.
– Estas crises são necessárias, importantes para que o mundo acorde e reveja os seus gastos. Algumas indústrias pequenas quebraram na crise anterior, mas porque estavam mal geridas. Quem tem uma boa gestão, resiste.
O professor do Ibmec César Frade diz que o consumo nos EUA vai diminuir. Mas a queda não será tão expressiva quanto o pavor revelado nas bolsas segunda-feira. Os cortes previstos pelo governo americano serão feitos em 10 anos.
– O impacto será diluído ao longo dos anos. Grandes empresas, como a Petrobras e a Vale, devem ter problemas – considera Frade.

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