O pacote não produziu efeitos econômicos. Produziu apenas efeitos políticos.
O consumo está exaurido e as autoridades
monetárias não conseguem estimulá-los. As famílias estão endividadas, consumidores e empresas inadimplentes, como nunca. E os preços começam a subir.
O IPC-Fipe, que mede a inflação em São Paulo, subiu
no mês de abril. A alta é preocupante, dada sua dimensão. Saiu de 0,15% no mês
de março, para 0,47%, em abril. Dois grupos de gastos pesaram de forma
determinante para essa elevação. As Despesas
Pessoais, que havia registrado deflação de 0,21 em março, apresentou uma alta de
1,94%, e os gastos com Vestuário, que saiu de 0,18%, atingindo 0,89%, em abril.
Os indicadores inflacionários começaram a se movimentar já em março e o
IPC da FIPE veio consistente com essa tendência geral.
Não há sinais de crescimento
econômico. As importações em queda sinalizam para o consumo menor. Em prazo curto,
o mercado de trabalho deve acusar o golpe. Empregadores foram desestimulados a
contratar.
Salários mais altos não provocaram efeitos visíveis na produtividade
e os encargos sociais, como um percentual elevado desses salários, desestimularam
a atividade empresarial, já suficientemente punida pelo peso dos impostos e
pelo longo período de apreciação da moeda nacional.
A confiança, pesquisada pela FGV no setor de
serviços, no mês de abril, apresentou nova queda. O indicador sofreu retração
de 4,8% em relação a abril do ano anterior. Note-se que setor de serviços está entre os
mais ativos da economia nesses últimos anos e tem sido responsabilizado pelas
pressões inflacionárias ocorridas em 2010 e 2011.
Em relação ao comércio, as coisas também não
andam bem. Aqui, os maiores receios vem pelas mãos da inadimplência
crescente. A Serasa Experian tem apontado em seus estudos que o
avanço do endividamento e da inadimplência entre os consumidores, diminui os
recursos para o consumo. E isso coloca os varejistas na retranca, também. As
compras se retraem, os estoques são conservados em níveis mais baixos e o
consumo não sugere aumentos nas vendas.
Desonerações,
reduções de juros, medidas setoriais já não surtem os efeitos esperados. Há, de
fato, uma nova lógica instaurada para o crescimento econômico, diferente
daquela que conduziu as medidas no período Lula da Silva. A demanda interna já
não consegue substituir, com a mesma eficiência, a retração do mercado internacional.
Os preços no mundo caíram e competitividade aumentou expressivamente. O mercado
brasileiro foi atendido pelas importações e isso ajudou a conter a inflação
nacional, mas empregou o trabalhador dos países exportadores e desativou a
produção nacional. Não foi falta de avisar. O governo estava imerso nas
comemorações de seus êxitos momentâneos e desfrutando dos prazeres do
populismo. Não pode ouvir.
Agora, o prestígio
está sendo mantido à custa do discurso que rivaliza a população com seu sistema
financeiro. Derrubar juros não é coisa tão fácil. Portabilidade também não. Os custos cartoriais, nos
empréstimos imobiliários, e os da burocracia creditícia impedem grande parte das
transferências.
É hora de mudar a
lógica do crescimento. O caminho para isso exige a ampliação da poupança
nacional e dos investimentos públicos e privados, ambos como elementos
preservadores do emprego e dos aumentos reais de renda. Isso poderá trazer
sustentabilidade ao consumo nacional.
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