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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Ajustes

Emergencial e pontual, o ajuste apenas corrige erros passados. Não planeja o futuro. 
O ajuste fiscal é irreversível, conquanto remanesçam dúvidas sobre sua profundidade e extensão. Portanto, o cenário de contração da economia é certo, restando identificar o momento em que a credibilidade do governo seja recuperada, os investimentos retomados e o PIB volte a se expandir novamente.
De início as medidas objetivaram  conter a inflação e evitar que o país perdesse o grau de investimento. Todas contracionistas: contenção inicial de gastos, aumentos de taxas de juros, extinção de subsídios e aumento de arrecadação, num ambiente cambial de depreciação da moeda nacional. O crédito tornou-se escasso com a inadimplência em patamares preocupantes. A palavra de ordem era seletividade na concessão dos empréstimos. Por fim, a operação Lava a Jato conduziu a economia para um estado de paralisação geral. Essa era a realidade no pré-ajuste. O que pensar do pós-ajuste? Não há ainda uma visão tão clara da intensidade e do tempo que o ajuste possa tomar. A redução de despesas anunciada até agora não é suficiente para cumprir a meta fiscal do ano. Quadro das contas públicas, no primeiro trimestre, já compromete o cumprimento da meta anual. O setor público consolidado no primeiro trimestre alcançou um déficit primário de 0,7% do PIB, no acumulado dos últimos 12 meses. O déficit tem causa no governo central. Estados e municípios voltaram a apresentar superávit em suas contas. Queda das receitas (arrecadação de impostos) é a principal responsável por isso, além de perdas com as compensações financeiras advindas da exploração do petróleo, uma vez que essa commodities sofreu uma intensa queda de preço. Do lado das despesas, os resultados do governo central mostram clara contenção de despesas de capital, principalmente investimentos. A lamentar apenas que o mesmo não aconteça com gastos de custeio. Trocando em miúdos, o contingenciamento está abaixo daquilo que seria necessário. Outras medidas devem chegar ainda para o final de maio. No plano internacional, Estados Unidos discute o momento para sua anunciada alta de juros. A União Europeia, apesar dos esforços do BCE, ainda não afastou de forma definitiva os fantasmas do baixo crescimento e da deflação. A China permanece em seu padrão de crescimento mais moderado. Os maiores impactos previstos para a economia brasileira estão relacionados mais claramente aos juros e câmbio. A normalização dos juros norte-americano, esperada para um prazo já não tão distante, é um fator de pressão para a taxa de câmbio. A ele se junta problemas crônicos de competitividade nacional. Os juros, obedientes a atual política monetária deve prosseguir em níveis elevados durante todo o ano.

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