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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Crédito vai bem, mas devagar

O ânimo dos empresários é pequeno
Na Sondagem da Indústria da FGV de outubro, o índice de confiança da Indústria recuou dos 98 pontos de setembro para 97,8 pontos em outubro. O resultado é o pior dos últimos 50 meses.
Fica difícil avaliar esse mau desempenho frente a tantas movimentações de ruas e atos de vandalismo. No ar paira um sentimento de ingovernabilidade e de resignação com as questões da violência. Portanto, números como esses, devem ser vistos com restrições.
A pesquisa ainda aponta a queda na intenção de investimentos entre os empresários nacionais.
Em linha com esses dados, o estoque de crédito no Brasil subiu mais lentamente entre agosto e setembro: 0,8%, alcançando agora o total de 2,597 trilhões de reais. É bem verdade que os bancos tornaram-se mais seletivos e os balanços trimestrais tem evidenciado a redução da inadimplência, enquanto o Banco Central registra um recuo no comprometimento da renda das famílias com pagamentos de créditos contraídos. Por outro lado, a demanda por crédito, sobretudo entre pessoas jurídicas, também caiu como decorrência do baixo nível da atividade econômica.
A previsão para o comércio nesse final de ano é pouco animadora. Espera-se por um Natal mais fraco que o do ano anterior. Até setembro, a o estoque de crédito cresceu apenas 9,7%. Tudo a conferir.

Emprego crescente, na Alemanha

Alemanha em pleno emprego,
mas sem inflação.
O mercado de trabalho da Alemanha mantem-se forte, com taxa de desemprego de 5,2% no mês de setembro, contra 5,3% em agosto.
Foram criados 201 mil novos de trabalho na economia do país, o que significa um crescimento de 0,6% em relação ao mês anterior. Esse crescimento tem sido muito consistente ao longo dos meses de 2013, impulsionando o nível de atividade por meio das sucessivas expansões do consumo interno.
Sem alardes ou anúncios de grandes medidas econômicas, a Alemanha preserva sua economia dos artificialismos heterodoxos e passa a contar com a estabilização chinesa e com a expansão esperada para o comércio mundial.

sábado, 26 de outubro de 2013

E a semana acabou

Bolsa, inflação, dólar e
Balança de Pagamentos
Bolsa voltou para os 54.154 pontos, com queda do Ibovespa de 1,32%. O giro de ontem foi de apenas R$ 5,4 bilhões, inferior à média diária do ano. Investidores não tiveram o que comemorar.
O dólar também caiu para a tristeza dos exportadores brasileiros. Encerrou a sessão cotado a R$ 2,1890, com recuo de 0,68% em relação ao dia anterior.
As notícias sobre inflação marcaram as notícias econômicas da semana. Na sexta-feira, foi a vez do IPC da FIPE, referente à terceira quadrissemana de outubro, apresentando alta de 0,39%. Ninguém merece.
As contas externas, no acumulado do ano, apresentam um resultado negativo de US$ 60,4 bilhões. A balança comercial apresenta aumento das importações de combustíveis e a redução dos preços do petróleo, nas exportações. Serviços é outro problema, com gastos crescentes com turismo, alugueis de máquinas e equipamentos e manutenção de sistemas computacionais. De bom mesmo, tivemos no mês de setembro a entrada de US$ 3,0 bilhões de lucros e dividendos, enviados para o Brasil por empresas nacionais que atuam no exterior. Realmente esse número é uma grata surpresa.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Liquidez Contra Fundamentos

Fundamentos de médio prazo compensam a pressão de apreciação gerada pela expectativa de fluxos e intervenções do Banco Central. 
Texto de Roberto Padovani
Economista Chefe da Votorantim Corretora
Economias desenvolvidas mostram baixo crescimento. O ritmo de recuperação dos países avançados tem sido menor que o esperado há alguns meses. Nos Estados Unidos, as divulgações trazem alguma frustração e apontam para um crescimento de 1,6% neste ano e 2,6% em 2014, indicando que a expansão média pós-2010 possa ficar próxima a 2,3%. Na Europa, ainda que os riscos de ruptura tenham se reduzido, o crescimento continua modesto.
Liquidez permanece elevada. Neste ambiente, os estímulos de política monetária devem permanecer, favorecendo o apetite dos investidores por ativos de maior risco. Não apenas o início da retirada de estímulos monetários pode ter sido postergado para 2014 nos Estados Unidos, como devem ter continuidade na Europa e no Japão. Além disso, grande parte da normalização futura nos juros já foi precificada, sobretudo nos EUA, sugerindo que a forte volatilidade registrada recentemente na aversão a risco, nos fluxos de capitais e nas moedas não se repita.
China favorece cenário para emergentes. O humor em relação aos mercados emergentes, por outro lado, pode ser favorecido. Apesar das dúvidas em relação ao mercado de crédito e às condições de liquidez na China, há maior confiança em um cenário de sustentação do crescimento, ajudando a recuperar a atratividade dos mercados emergentes. Neste ambiente de crescimento na China e expectativa de que o dólar se mantenha fraco ao longo dos próximos meses, faz sentido que os preços de commodities tenham uma tendência de alta gradual, contribuindo para o fortalecimento das moedas de alguns emergentes.
Brasil é atrativo. Além de fatores que empurram capitais novamente para os emergentes, o país tem se posicionado para atrair parte destes fluxos. Mesmo com incertezas persistentes em relação à economia brasileira, principalmente na área fiscal, há fatores positivos. O reconhecimento da reorientação da política econômica, o aumento do diferencial de juros, perspectivas de crescimento marginalmente melhores e boas condições técnicas de mercado permitem o rebalanceamento de carteiras a favor do Brasil. Ainda, acreditamos que um eventual downgrade da dívida externa brasileira no ano que vem poderá não trazer impacto significativo no cenário por já ter sido, em grande parte, precificado no mercado de CDS.
Vemos câmbio estável no curto prazo. Acreditamos que a moeda brasileira, neste momento, já tenha corrigido parte dos exageros praticados a partir de maio. As expectativas de fluxos ainda favoráveis e a continuidade da oferta de dólares por parte do BC sugerem níveis mais apreciados no curto prazo. No entanto, isso não seria justificado pelos fundamentos de médio prazo, resultando em um relativo equilíbrio da moeda nos níveis atuais nos próximos meses, e na retomada da trajetória de depreciação a partir de meados de 2014. Mantemos nossas projeções de fechamento de ano em 2,20 neste ano e 2,30 para 2014.

Brincando com fogo

Recuperação sob suspeita
Nos Estados Unidos, o PMI Industrial está em queda. Caiu de 52,8 pontos para 51,1 pontos, na primeira semana de outubro, o menor nível dos últimos 12 meses.
A brincadeira sobre a dívida do país patrocinada pelos republicanos pode ser vista como elemento determinante desse desempenho sofrível de sua economia.
Na terceira semana de outubro, as solicitações de auxílio desemprego atingiram 350 mil pedidos, acima das previsões mais pessimistas.
O desempenho da balança comercial também revela um saldo deficitário e crescente de julho para agosto. O déficit foi de US$ 38,8 bilhões, mostrando crescimento de 0,4% no período.
Os Estados Unidos regridem. Seus problemas foram apenas adiados, fazendo crescer a insegurança e o desprestigio do país em todo o mundo.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sinais dos desajustes na economia nacional

As engrenagens da economia precisam
ser sincronizadas.
Ou terão seus dentes quebrados.
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da FGV cresceu na terceira semana desse mês. A notícia reafirma as novas pressões nos preços nacionais e mostra que as medidas monetárias tomadas até agora não foram suficientes para anular os desmandos nas áreas fiscal e salarial.
A média nacional do IPC-S mostra crescimento de 0,04 ponto percentual na terceira semana de outubro, apontando o que o acumulado do mês está em 0,49%.
Enquanto isso, o IBGE divulga uma pequena alta na taxa de desemprego do mês de setembro. Na verdade, a variação é muito pequena. A taxa de desocupação sai de 5,3%, em agosto, para 5,4%, em setembro.
O rendimento médio real dos ocupados em setembro foi de R$ 1.908,00, o que significa um aumento 1,0% em relação a agosto, quando o rendimento médio mensal era de R$ 1.888,50. Em relação a setembro de 2012, quando esse rendimento era de R$ 1.866,60, o aumento foi de 2,2%. A massa salarial também cresceu de agosto para setembro. O crescimento foi de 0,9%, em face de agosto.
Como se vê, o fim da inflação está ainda muito longe, lembrando que a produtividade do trabalho mantem-se descolada o crescimento do trabalho.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O mundo se suas voltas

Algumas economias crescem. Outras se arrastam em meio a incentivos.
A criação de vagas de trabalho nos Estado Unidos ficou aquém do previsto. Foram criados no mês de setembro, em momento politicamente turbulento, 148 mil novos postos de trabalho. Com isso, o mercado entende como menos provável que o Fed dê início à redução dos estímulos monetários para a recuperação da economia norte-americana.
A taxa de desemprego, por outro lado, recuou para 7,2%, de setembro para em agosto.
Na Europa, a principal preocupação do momento é com a excessiva valorização do euro face ao dólar americano. Como se sabe, a sobrevalorização da moeda local compromete a competitividade dos produtos da região em suas exportações para o resto do mundo.
Na China, não bastassem os números já positivos publicados até aqui, surgem novas projeções construídas a partir de indicadores antecedentes. Já se fala em crescimento, no mês de  setembro, na casa de 1.0%.
No Japão, embora ainda remanesçam dúvidas fortes sobre o Abenomics, as perspectivas são mantidas de forma otimista.
Emperrado mesmo fica o Brasil. A Sondagem da Indústria da FGV, na prévia de outubro, aponta para 97,1 pontos, equivalente a uma queda de 0,9%  face ao mês anterior.

sábado, 19 de outubro de 2013

O FMI erra nas suas recentes previsões

Voltando a criticar as projeções do FMI
A China cresceu seu PIB a um ritmo de 7,8%, no terceiro trimestre desse ano. A meta, para 2013, era de 7,5%. Aliás, foi essa meta que o FMI insistiu em não acreditar, esquecido que, no primeiro trimestre, o crescimento do PIB já havia alcançado crescimento de 7,7%.
Com isso, as reforma ganham folego e poupam o governo de proceder a novos estímulos, que tanto desequilibram as economias.
Ficam afastados, pelo menos por algum tempo, os estímulos ao consumo.
Em novembro o partido Comunista apresentará às autoridade chinesa seu novo plano econômico de longo prazo. Já se esperava pelo aprofundamento de um pensamento liberalizante, sobretudo na política monetária e, consequentemente, no sistema bancário. Em especial, são esperadas medidas de incentivos creditícios que possam estimular o consumo interno, em prejuízo do modelo exportador.
O FMI tem errado muito. Melhor seria silenciar.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Trip Notes: Sentimento dos Investidores

Leitura de Road show nos Estados
Unidos e encontro anual do FMI
indicam que liquidez e crescimento
global criam oportunidade para o Brasil
Contribuição de Roberto Padovani
economista chefe da Votorantim Corretora
Tema central continua sendo política monetária nos Estados Unidos. O início da retirada de estímulos foi postergado em função do impasse fiscal, que reflete um debate mais amplo sobre o papel do Estado na economia. O ajuste fiscal em curso desde 2011 deve ser mantido. Da mesma forma, mesmo que a manutenção dos estímulos monetários tenha eficácia decrescente, os benefícios ainda superariam os custos: com riscos financeiros controlados no curto prazo, os estímulos reanimaram os mercados de imóveis e veículos, com impactos favoráveis sobre investimentos.
Retirada de estímulos elevam riscos. Como a atuação dos bancos centrais tem sido responsável por uma contínua valorização de ativos, os sinais de política importam e são fonte de elevada volatilidade. Este cenário deve se manter, dadas as incertezas em relação às estimativas econômicas e a eventuais ruídos de comunicação, que podem se elevar nos Estados Unidos com a troca de comando na instituição.
Cenário global permanece favorável. O humor com relação à Europa continua positivo: a credibilidade da moeda reflete a leitura que o apoio ao projeto político da zona do Euro evita rupturas institucionais e econômicas. Na Ásia, prevalece a leitura de que a China possa ser pouco afetada pela política monetária nos Estados Unidos, enquanto no Japão há confiança de que os estímulos monetários e reformas encerrem com 15 anos de deflação, estimulando mercados financeiros e crescimento.
Emergentes enfrentam novos desafios. Os eventuais impactos das mudanças nas condições financeiras globais sobre o crescimento e o financiamento externo das economias emergentes representam incentivos para ações que reduzam incertezas locais. A condução de políticas baseadas em maior disciplina econômica, regras claras e melhor comunicação é um exemplo. Este movimento tem sido reforçado pelo fim de um ciclo político: como a oferta de infraestrutura não acompanhou o ritmo de crescimento das economias e das classes médias, a demanda por mais serviços públicos de melhor qualidade passou a representar nova fonte de pressão política.
Cenário favorece Brasil. Apesar da maior disputa por capitais no mundo e das incertezas persistentes em relação à economia brasileira, principalmente na área fiscal, alguns fatores favorecem o Brasil. Dentre eles, o reconhecimento da reorientação da política econômica, o diferencial de juros, fundamentos relativamente melhores e boas condições técnicas de mercado. Este cenário tem conduzido a uma realocação de recursos em ativos brasileiros, favorecendo fluxos e câmbio.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Um suspiro mais longo

E não é que o varejo deu mais um
passa-moleque nos analistas?
Há sem dúvida um excesso de pessimismo entre os analistas nas previsões feitas sobre o desempenho da economia brasileira.
O exemplo aparece hoje de forma clara. Todos se dizem positivamente surpresos com o desempenho do varejo no mês de agosto. O crescimento foi de 0,9% em relação a julho, enquanto as previsões iam desde o campo dos números negativos até o máximo de 0,1%.
Por outro lado, não se tem nada a comemorar com a divulgação desse resultado. Afinal, isso apenas aponta para o fato de que o PIB do terceiro trimestre não será negativo. Poderá alcançar a estabilidade ou frequentar os limites do território dos números positivos. No máximo 0,6%. Para isso, precisará contar com a ajuda do setor industrial.
Mesmo apresentando esse desempenho mais favorável que o esperado, nada sugere que o nível de atividade do comércio possa pressionar o estoque de crédito ou animar os receosos banqueiros nacionais. Os empréstimos concedidos pela banca nacional têm juros cada vez mais altos e prazos cada vez mais curtos, como demonstrou o último o relatório do Banco Central.
A inflação menor é que tem dado alento ao comércio e, nesse sentido, os incentivos governamentais à compra de eletrodomésticos ajudaram a impulsionar o nível de atividade do setor. Mas, não o suficiente para evitar o crescimento dos estoques na economia nacional.
Nesses momentos, o excesso de otimismo não deve substituir excesso de pessimismo. Convém lembrar que o crescimento da renda nacional continua em processo de desaceleração e que a Selic recém aumentou mais 0,5 p.p.
Portanto, melhor será continuar com as “barbas de molho” e não esperar por reações mais fortes. Talvez o comércio apenas esteja apresentando um suspiro mais longo em função de fatos momentâneos.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Reformas à vista na China

As reformas chinesas andam mais rápidas
A inflação na China subiu 3,1% em setembro, em relação ao mesmo mês do ano passado. A alta foi atribuída a alimentos. Evidentemente, trata-se de uma inflação de demanda que tem sido atendida por importações crescentes.
A China elabora nesse instante um novo plano de governo que inclui a definição de suas políticas macroeconômicas. São esperadas reformas liberalizantes que trariam maior eficiência ao sistema econômico, decorrente da atuação mais livre de seus mercados. A preocupação central ainda continua a ser o sistema bancário chinês que se mantem oligopolizado em torno de 4 grandes bancos estatais.

A confusão está feita. Mas, começa a ser desfeita.

Estados Unidos provisórios
Tudo parece caminhar para uma solução negociada, no cabo de guerra entre Republicanos e Democratas.
Questões já acertadas, mas não votadas:
1)  Elevação até meados de fevereiro do teto da dívida do governo.
2)  Liberação de verba que permite o funcionamento da máquina do governo até o dia 15 de janeiro.
3)  Acertos no orçamento do ano fiscal, ora em curso, até o final desse ano.
O impasse fiscal dos EUA parece mais próximo de um acordo, depois de ontem.
O Senado americano pode aprovar ou rejeitar a proposta ainda hoje. Se aprovada, ela deverá ser submetida à Câmara dos Representantes.
Se a proposta for aceita, o Presidente dos Estados Unidos ficará refém dos Republicanos. Entretanto, se reprovada, o presidente fica livre para agir, mas sem dinheiro para isso.
Há urgência na decisão. Ou, como prefeririam os democratas, torna-se “urgente esperar”.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Intelligentsia não é mais conveniente

Burocratas atravancam, quando pensam
Primeiro, a destruição do Itamaraty. Em seguida, o ataque teve como foco o Banco Central. Nesse instante, o governo aponta suas armas para a Receita Federal.
Aparelhar esses órgãos para garantir políticas partidárias terá consequências operacionais gravíssimas no médio prazo.
Fica o alerta: ninguém governa bem, privado de instituições eficientes.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Para o Brasil, 2013 é um ano de triste fim

A infinita capacidade do
governo em decepcionar
Apesar dos dias dos pais, as vendas no varejo de agosto revelarão queda, em relação ao mês anterior. A razão, em grande medida, está associada à greve dos bancários que sempre prejudica o processo de concessão de crédito ao consumidor e compromete a estruturação de operações financeiras para o comércio e para os serviços.
O comprometimento ainda é maior quando as operações de capital de giro ficam suspensas. A falta de financiamentos à estocagem e às vendas derruba o nível de atividade desse dois setores.
Podemos, portanto, esperar por um quadro agravado das vendas no varejo, tanto para agosto, quanto para setembro. Para piorar, o IBC-BR do Banco Central (indicador antecedente mensal do PIB) referente ao mesmo mês de agosto, será medíocre. Privatizações fracassadas, instabilidades internacionais, baixo nível de investimentos são as causas do baixo crescimento nacional.

Tudo isso sinalizando uma desaceleração do PIB no 3º trimestre, face ao resultado do segundo, que, por si só, já havia sido sofrível.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Esse trio é do barulho

O IPCA chegou por último,
pouco antes da decisão.
Primeiro foi o IGP-DI, na terça feira, anunciando alta de 1,36% em setembro. Assustou.
Depois veio o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), mostrando avanço em cinco das sete capitais pesquisadas pela FGV. Da última semana de setembro, para a primeira semana de outubro, a alta foi de 0,38%. O susto aumentou.
Por fim, em meio à reunião de quarta-feira, o IPCA de setembro apareceu semeando o pânico. Não havia mais o que discutir. Era uma alta de 0,35%, em relação ao mês anterior, acumulando, nos últimos 12 meses, nada menos de  5,86%.
Com esse trio, do barulho, não deu outra: mais 0,5 p. p. na Selic, agora em 9,5% ao ano.
O entendimento agora é geral, inclusive dos membros do Comitê de Politica Monetária. A a política fiscal definitivamente não virá em apoio à luta contra a alta dos preços. Em outras palavras, o governo está comprometido muito mais com suas questões políticas que econômicas. O superávit primário já não consta das preocupações atuais da política econômica do governo.
Perdeu-se aí um dos pés dos fundamentos da economia do país, enquanto a política cambial, profundamente incerta, contribuirá para o aumento da inflação. A política salarial, por seu lado, jaz refém das movimentações das ruas que pressiona pela ampliação dos ganhos reais. Sobram, portanto, apenas os aumentos da taxa de juros e algum contingenciamento ao crédito.
O resultado final será a alta generalizada dos preços até o final do ano. Não se trata de um problema conjuntural ou meramente pontual. O grau de difusão da inflação tende se ampliar até dezembro, com O IPCA situado em torno de 6,0% nesse ano. A Selic, em tais circunstâncias, deve voltar aos dois dígitos ainda na próxima reunião. O cenário para a retomada do crescimento nacional é desalentador.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Acho que o FMI se precipitou

Previsões embutem hipóteses
 que precisam ser confirmadas
A hipótese subjacente ao relatório do FMI é que os emergentes devem desacelerar suas economias e que os desenvolvidos passam a “puxar” a demanda global, com uma nova fase de crescimento mundial. Não se considerou aí os déficits gêmeos norte-americano (déficit fiscal e de suas transações correntes). Parece até que os Estados Unidos não tenha esse problema estrutural e que isso não se constituirá em barreira ao seu crescimento. Também não imaginou a deterioração de suas condições institucionais e seu rebaixamento nas notas das agências de classificação de riscos.
Parece também que a Europa já não apresenta déficits públicos vultosos e que já não exista no além-mar nenhuma outra economia prestes a quebrar.
Fico sempre com a impressão que as populações desses países não tiveram perdas reais de renda, que o desemprego seja baixo e que o mercado de consumo se recuperará rapidamente apoiado por alguma estratégia criativa, como o Brasil, de expansão do crédito.
Por outro lado, o FMI enxerga problemas nos países emergentes de solução quase impossível, pelo menos no médio prazo. A infraestrutura é sempre o problema mais citado, sem desprezo, contudo, à baixa qualificação da mão de obra e à incompetência na condução das reformas estruturais.
Dois pesos e duas medidas, invertendo os fatos e nublando os horizontes do leitor desse relatório infeliz e inoportuno. Na China, o FMI jogou água na fervura, prevendo desaquecimento da economia, apesar das profundas reformas em curso no país.
Finalmente, dá por desalavancadas as economias desenvolvidas. Nelas, será inaugurada uma nova fase de crescimento sustentável. O mundo deverá crescer em 2013, o equivalente a 2,9% e, em 2014, nada menos que 3,6%. Oxalá, seja assim!
Sem ser irônico, mas desafiando a lógica capenga das hipóteses assumidas nessas projeções, precisaríamos avisar o Senado dos Estados Unidos que a dívida interna norte-americana não é mais um problema e, simultaneamente, informar ao Banco Central Europeu que a região pode expandir sua produção à vontade, pois seu mercado interno consumirá tudo aquilo que os emergentes não vão poder consumir, em função da retração na qual estarão imersos nos próximos anos. Uma verdadeira provocação aos que têm a resposabiliade de gerir essas crises.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Semana animada

Quarta-feira tem Copom
O Banco Central deve subir a taxa Selic mais 0,50 pontos percentuais, em função do comportamento irreverente dos preços de nossa economia.
São esperados os resultados do IPCA e do IGP-DI, ambos referentes a setembro. As expectativas são de elevações nada desprezíveis desses dois indicadores em relação ao mês anterior.
Primeiro o Comunicado, depois a Ata dessa reunião devem apontar o câmbio como culpado das altas. A essa altura do campeonato, o câmbio já voltou a patamares mais baixos daqueles anteriores a depreciação da moeda nacional.
Relevante também será conhecer alguma decisão do Senado dos Estados Unidos sobre o teto da dívida do país. A armadilha política tem um timing difícil. Novos adiamentos prejudicam o presidente democrata. Entretanto, esses adiamentos podem suscitar reações mais fortes da população que, por sua vez, desgastariam os republicanos.
No mais, a semana vai fornecer dados de crescimento industrial e de vendas ao consumidor no Brasil e nos Estados Unidos. Essas informações se prestam a fazer o ajuste fino das previsões sobre s desempenhos esperados dessas economias.

domingo, 6 de outubro de 2013

Contas públicas

Baixo crescimento, baixo superavit primário
e convívio com a inflação em 2014
O superávit primário do setor público vai se transformar na pior notícia do Brasil ao investidor estrangeiro, esse ano. Não ultrapassará os 1,7% do PIB de 2013.
Mas, o pior está por vir. Em algum momento, os agentes econômicos conhecerão a Lei Orçamentária de 2014. O projeto desse diploma aponta para resultado primário em 2014 ainda mais crítico que o desse ano. Analistas estão de acordo sobre um cenário de moderado crescimento econômico, condicionando as receitas públicas a um desempenho também menor e agravado pelas insistentes desonerações em curso. 
O dispêndio, por seu lado, continuará a subir, pressionado pela alta do custeio, decorrente dos gastos, sobretudo, com a previdência.
Em outras palavras, a redução do superávit continuará mostrando um governo pouco austero com suas contas, produtor de inflação e descuidado de seus fundamentos econômicos.
O quadro econômico conotado com esses traços, é, como já se viu anteriormente, desastroso para os investimentos internos diretos.

sábado, 5 de outubro de 2013

EUA parados

A briga é partidária, lá também.
A lei orçamentária dos Estados Unidos imobilizou o governo central. A questão do teto da dívida encontra-se sem qualquer solução encaminhada. A paralisação da máquina pública não permite conhecer o desempenho da economia norte-americana, dessa última semana.
As decisões sobre investimentos são postergadas em todo o mundo.
Por outro lado, a inflação na Zona do Euro mantem-se estável, afastando o risco de eventual deflação, enquanto a China reafirma seu crescimento, com o índice de gerentes de compras (PMI) do setor industrial avançando para 50 pontos em setembro.
No Brasil o PIBinho de 2013 vai se confirmando, com previsões entre 2,0 e 2,5%. O setor industrial continua anêmico e compromete qualquer perspectiva de crescimento.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Europa otimista

O bom desempenho da economia europeia
O clima é de otimismo moderado.
Há um movimento consistente em toda na Zona do Euro. O PMI composto alcançou a marca de 52,2 pontos no mês de setembro. Em agosto, o indicador havia registrado 50,7 pontos em agosto.
As vendas no varejo subiram 0,7% em agosto em relação ao mês imediatamente anterior.
A surpresa europeia, entretanto, ficou com o Reino Unido. Seu PMI composto saiu de 53,5 pontos em agosto, para 60,4 pontos em setembro.
Tudo muito positivo.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Estamos agora abaixo dos R$ 2,20

Os Estados Unidos furaram o dólar,
outra vez
O cabo de força entre democratas e republicanos produziu o pânico entre todos. A começar pelo Fed. Que fazer com seu programa de recompra de títulos?
O Estado americano já não funciona plenamente. Alguns serviços foram paralisados e futuro tornou-se incerto. Os dados do mercado de trabalho, aquém daquilo que se podia esperar, fazem pensar em um fenômeno de liquefação da economia do país.
No Brasil, a cotação da moeda ficou a R$ 2,194. As moedas dos países emergentes recuperaram o fôlego, contribuindo para o combate às inflações locais e para redução dos respectivos resultados de suas balanças comerciais. Os países devem, a partir desses fatos, jogar na defesa, embaixo de suas próprias traves.
Olhando para a Bovespa, tem-se a impressão de que os estrangeiros estão voltando para o mercado à vista, à busca de algumas oportunidades conhecidas por “galinhas mortas”.
O baixo crescimento nacional, entretanto, sugere que o prazo para a recuperação dos preços possa ser maior do que o esperado pelo investidor. Em outras palavras, as galinhas podem ressuscitar dentro das carteiras desses novos entrantes.

Rating soberano do Brasil

Moody’s foi não foi generosa.
Foi apenas justa.
A agência de riscos Moody´s confirmou o rating do Brasil, mas alterou a perspectiva, de positiva para estável. Trata-se de um alerta que não deve ser minimizado.
A agência deixou claro que a mudança na perspectiva deveu-se à deterioração das contas públicas, à redução percentual dos investimentos em relação ao PIB e ao longo período de baixo crescimento.
É a segunda avaliação que aponta redução nas perspectivas brasileiras. A primeira foi da Standard & Poor’s, em junho desse ano. A Moody’s agora confirmou o viés negativo.
O recado está dado. No curto prazo podemos estar perdendo o grau de investimento e termos oficializado o desprestígio de nossa gestão macroeconômica.

Embicando?

No Brasil, as esperanças vão se
desfazendo para esse trimestre.
A produção industrial de agosto aponta para a fragilidade extrema do setor. O sucateamento do parque industrial foi um processo lento e muito longo. As defasagens cambiais sucessivas, o longo período de juros altos, a elevada carga tributária sobre o setor, os custos da energia e os custos logísticos foram elementos determinantes da imensa perda de competitividade nacional.
Não foram bastantes os esforços de reengenharia realizados pelo empresariado, nem bastou a adoção de outros todos métodos e técnicas modernas de produção. A ineficiência do sistema econômico venceu a tudo que se fez nas organizações para combater as sucessivas perdas de competitividade.
Não espere da indústria uma recuperação de curto ou médio prazo. Isso será impossível. Os problemas estruturais se avultaram e a ausência de políticas públicas impede esse movimento. Agosto registrou recuo de       -0,1%.
Pessoalmente, mesmo com o desempenho esperado para agricultura, no trimestre em curso e da melhoria dos desempenhos dos setores do comércio e dos serviços, o crescimento do PIB deve ser inferior ao do segundo trimestre desse ano.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Europa em um bom momento

Zona do Euro em calmaria.
Em relação à economia europeia, tudo parece andar com mais calma.
A lenta recuperação parece confirmada pelos dados de setembro. Temia-se pela eleição da oposição na Alemanha, mas deu a lógica na região. A França pareceu satisfeita, enquanto a Itália permanece envolvida em disputas internas, mas com consequências limitadas sobre a economia da região.
A Espanha ainda tem um desempenho modesto. Lentamente vai ampliando o consumo e combatendo o seu alto desemprego.

A canoa furou?

Outubro fica nas mãos de Deus
Os dados de inflação e desemprego nos Estados Unidos frustraram os agentes. Ficaram relativamente distantes das metas do Fed e deram ensejo à suspensão das decisões de normalização da política monetária. Daqui para diante, todos viveremos com incertezas amplificadas em relação às decisões do governo norte-americano. Afinal, o Senado endureceu demais.
A aprovação do orçamento para 2014 e as decisões relativas ao aumento do limite da dívida tornaram-se imprevisíveis e devem imobilizar os investimento no mundo financeiro e na chamada economia real.
A cotação do real frente ao dólar deverá oscilar em intervalo mais largo, prometendo altas e baixas consideráveis. A bolsa brasileira deve permanecer muito volátil, acompanhando os mercados mundiais.