Banner

Translate

terça-feira, 14 de maio de 2013

Inflação: Commodities atenuam risco

A desaceleração da economia mundial e a apreciação do dólar reduzem o espaço para alta nos preços de commodities.
Texto de Roberto Padovani, economista chefe da Vorotantim Corretora
O comportamento da inflação ao longo dos próximos meses depende, em grande medida, dos preços de commodities em reais. Neste caso, um cenário de baixo crescimento global e relativo fortalecimento do dólar pode fazer com que os preços internacionais reduzam o risco inflacionário local, tanto por sua influência direta sobre os índices quanto pelos impactos indiretos sobre inércia e expectativas.
O menor ritmo de crescimento global, em particular na China, pode explicar a tendência de queda de preços de commodities observada nos últimos dois anos. Mas além das condições de oferta e demanda, há um componente financeiro nas commodities, que temos mensurado por meio da oscilação do dólar global.
Nossa avaliação é que o aumento da produtividade nos Estados Unidos e a recuperação do mercado imobiliário mais que compensem o ajuste fiscal, produzindo impactos favoráveis sobre a taxa de desemprego e fazendo com que o diferencial de crescimento atraia fluxos de capitais para os Estados Unidos, fortalecendo a moeda. Da mesma forma, a retomada econômica sugere que as taxas de juros de longo prazo possam se elevar, fazendo com que o diferencial de juros também favoreça a moeda norte-americana. Este cenário tende a ser mais claro a partir de 2014, à medida que a redução do desemprego se aproxime dos limites definidos pelo Federal Reserve.
Deste modo, em um cenário de relativa estabilidade do crescimento no mundo, a continuidade do fortalecimento do dólar reduz as chances de um ciclo de alta de preços de commodities. Contribui com este cenário de menor pressão inflacionária o fato de vermos espaço para apreciação da moeda brasileira. Por um lado, o comportamento das commodities e a força do dólar são fatores que sugerem depreciação do real. Mas estes fatores podem ser mais que compensados por menores riscos globais, elevada liquidez internacional e redução do risco associado à economia brasileira, em função principalmente da retomada econômica.
De fato, como a economia brasileira depende em grande medida de poupança externa para financiar o crescimento local, a volta do crescimento implica tanto alguma deterioração em conta corrente quanto aumento dos fluxos de capitais, que tradicionalmente acompanham os ciclos econômicos. Neste caso, o aumento das reservas internacionais ancora as expectativas em relação a um câmbio apreciado.
Tudo considerado, a combinação de preços de commodities em queda com apreciação cambial implica menor pressão inflacionária ao longo deste ano, dando ao Banco Central tempo para monitorar o comportamento da atividade econômica e realinhar a taxa de juros de modo cauteloso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário