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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Mercado de Trabalho Deve Reaquecer

Depois de números mais fracos,
o mercado de trabalho deve
reaquecer e favorecer o crescimento,
mantendo em alta  as preocupações
com inflação e competitividade.
O texto é de Roberto Padovani, Economista Chefe da Votorantim Corretora.
“A queda quase contínua da taxa de desemprego ao longo dos últimos anos tem gerado a impressão que o mercado de trabalho não acompanha o ciclo econômico, mantendo-se relativamente aquecido.
No entanto, quando se avalia o comportamento da taxa de desemprego em relação a uma tendência histórica, fica mais claro o relativo desaquecimento do mercado. Tradicionalmente, a diferença entre o desemprego e seu nível de longo prazo (hiato de trabalho) acompanha o hiato de crescimento e seu potencial (hiato de produto). Esta relação vale para o caso brasileiro: quando a economia está aquecida, a taxa de desemprego fica abaixo de sua tendência de longo prazo, ficando acima deste patamar em momentos de desaceleração.
De fato, o mercado de trabalho passou a esfriar a partir do segundo semestre de 2011. Embora as condições de renda sofram influência de outras variáveis, como salário mínimo e inflação, o esfriamento tem sido percebido pelo menor ritmo de criação de vagas e formalização do emprego. É verdade, no entanto, que o mercado de trabalho vem respondendo menos intensamente ao ciclo econômico. Esta oscilação mais suave pode ser explicada (a) pela maior formalização do trabalho, que eleva os custos de demissão; (b) pelas condições demográficas mais restritivas, que geram menor oferta de mão-de-obra; e (c) pela percepção de que a economia brasileira opera ciclicamente, incentivando ajustes temporários.
Com isso, é provável que os empresários tenham sido estimulados a preservar o emprego durante o ciclo de baixa, o que faz com que não haja contratações relevantes na volta da economia. Em parte, os movimentos cíclicos têm sido amortecidos por maiores variações nas horas trabalhadas, evitando ajustes bruscos no nível de emprego.
A partir de agora, no entanto, o mercado de trabalho pode voltar a reaquecer. Sem choques externos e com estímulos de política econômica, a economia brasileira deve mostrar recuperação, conduzindo a um aumento da ocupação. Mesmo longe da exuberância recente, os últimos 2 trimestres já mostram sinais de algum reaquecimento. O aumento da população ocupada, por sua vez, não deve ser compensado por uma maior oferta de trabalho, o que poderia elevar o desemprego. Apesar de a recuperação econômica estimular a procura por emprego, o menor ritmo de crescimento populacional limita a oferta de trabalhadores.
Como resultado, a inflação de serviços e os custos de mão de obra podem manter-se pressionados. Seria necessária uma desaceleração substancialmente forte no mercado de trabalho para se ter algum alívio relevante nas pressões inflacionárias e nos custos de produção, o que parece pouco provável do ponto de vista dos custos sociais e políticos.

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