Mudanças na administração de recursos
Pesquisa do Instituto Fractal mostra que apenas 29% dos entrevistados consideram o banco como um "ótimo conselheiro" para os negócios.
A matéria é do jornalista Danylo Martins.
O Copom teve que decidir sobre o aumento ou a
manutenção da taxa básica de juros da economia nacional. A inflação continua alta e as previsões não são nada
otimistas sob sua queda. Ao contrário, a última pesquisa Focus, do Banco
Central, aponta para a alta da Selic. Sem outros instrumentos macroeconômicos
de apoio à politica de preços, o Copom teria que, minimamente, aumentar mais
0,25% a taxa Selic. Por outro lado, o crescimento da economia permanece medíocre.
Dados do varejo mostram crescimento em 2013, na ordem de apenas 50% do
crescimento de 2012. A indústria mantem-se em queda e os serviços crescem
pouco. Os sucessivos aumentos da Selic respondem por parte desse marasmo
econômico. Investidores estrangeiros claramente voltaram às práticas de
arbitragem dos altos juros nacionais, exatamente no momento em que as contas
externas brasileiras estão em deterioração. São muito bem vindos, por isso.
Entretanto, o capital produtivo gosta mesmo é de mercado em expansão. Talvez o
Copom tenha se sensibilizado com essa história e queira ver ampliado o
crescimento. Se essa hipótese estiver correta, o Copom poderia estar
encerrando o ciclo de aperto monetário
com uma alta de 0,25% hoje e admitindo, para o final do ano, a Selic em 11% ou
11,5%.
As
coisas parecem não ir bem do lado dos preços. O IPCA-15, divulgado pelo IBGE,
apresentou alta de 0,70% em fevereiro. Esse número supera todas as expectativas
e contraria os dados da FGV. O Índice Geral
de Preços-Mercado da FGV (IGP-M), havia subido apenas 0,24% na segunda prévia
de fevereiro, face a igual período do mês anterior, onde a alta havia sido de
0,46%. Essa inconsistência precisa ser explicada.
- Na década de 90, o investimento de capital acelerou, mas crescimento
econômico declinou, embora com os aumentos contínuos de ICOR .
A
alta do Ibovespa foi de 1,18%, encerrando o pregão aos 47.151 pontos. O
volume girado raspou os R$ 7 bilhões, valor superior a média diária do ano. Enquanto
isso, movido pelas mesmas razões, o dólar acabou o dia cotado a R$ 2,39, com
queda de 0,04%.
O PIB
brasileiro alcançaria apenas 2,4%, tendo atrás de si apenas o Irã e o Egito,
cujos crescimentos seriam, nessa previsão de 1% e 2,2%, respectivamente. Em
relação à expansão global, o Banco Mundial espera que atinja os 3,2%, o que
reduziria a participação relativa do Brasil na formação da riqueza global desse
ano. Francamente,
essa previsão para o crescimento do PIB do Brasil ainda me parece muito
otimista. Olho nosso superávit primário como muito modesto para 2014, vejo a
continuidade da deterioração de nossas contas externas, o nível de investimento
na economia não sugere crescimentos maiores que 2,0%, a confiança entre
empresários nacionais é muito baixa e o risco-Brasil tende a crescer. Há quem
dê como certo o rebaixamento das notas do país pelas principais agências de
risco. O
Banco Mundial atribui à maneira negativa de ver o Brasil como decorrente da
recente transformação pela qual passou a política monetária norte-americana.
Verdade seja dita: após esse episódio, países como Índia, Indonésia, África do
Sul e Brasil passaram a ser reconhecidos como países com economias frágeis e
vulneráveis. Voltamos
a pensar que fundamentos econômicos são realmente importantes e que política
fiscal não pode ser utilizada de maneira inconsequente.
O
índice de atividade do setor de serviços nos Estados Unidos cresceu 1,0% no mês
de janeiro, resistindo às medidas de redução dos estímulos monetários. O ISM
saiu dos 53,0 pontos apresentados no mês de dezembro, para os 54,0 pontos em
janeiro. A notícia agradou analistas e marca um desempenho surpreendente para o
atual momento econômico. No
mesmo sentido, o emprego , no mês de janeiro, no setor privado americano, apontou
a criação de 175 mil novas vagas. O ADP
veio forte, mas bem abaixo das 227 mil vagas criadas em dezembro. Há, entretanto, que se
levar em conta que dezembro é sempre um mês atípico pelo maior nível de consumo,
enquanto janeiro é o mês da ressaca do mercado.
O
veranico de janeiro, que se estenderá pelo menos até a primeira quinzena de
fevereiro, puseram esses preços nas alturas. Ovos, legumes, leite e verduras
tiveram uma de suas maiores altas na história recente dos preços praticados
junto a consumidores. Essa
seca inesperada está acompanhada por temperaturas muito altas, inviabilizando a
produção desses itens. Isso está ocorrendo exatamente no verão, quando a
população aumenta o consumo de saladas, frutos e sucos. A
seca afetou também a produção de laranja no Brasil, enquanto, na Flórida, as
expectativas de produção da laranja são cada vez menores. O suco de laranja está
apresentando sucessivos picos de preços no mercado internacional. O
mesmo fenômeno ocorreu com o trigo nos Estados Unidos, pressionando as cotações
nas bolsas de mercadorias de todo o mundo. No Paraná, ontem, o preço médio do
trigo cresceu mais 0,25%.