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terça-feira, 5 de abril de 2011

Estratégia gradualista, outra vez

Política fiscal ganha elogio da Fitch, mas mercado ainda olha a questão com ceticismo
Veículo: InfoMoney   -   Data: 04/04/11 - 19h00
Por: Tatiane Monteiro Bortolozi
SÃO PAULO - Elogiando o aperto da política fiscal brasileira, a agência Fitch elevou o rating brasileiro para 'BBB', com perspectiva estável. O mercado, ainda na expectativa pelos resultados do Corte de Orçamento, anunciado em meados de fevereiro, recebeu a notíca com surpresa. Mesmo que a percepção da agência seja bastante positiva, analistas divergem sobre o fim das dúvidas em relação aos cortes de despesas públicas.
A chefe da divisão de fortunas da Mirae Asset Securities, Luciana Pazos, critica o descompasso da política fiscal brasileira. "A queixa de muitos analistas é de que o governo prefere aumentar a arrecadação a cortar efetivamente suas despesas". Para ela, ainda não foram enumerados suficientes detalhes sobre o programa, o que torna cedo para o mercado realmente 'comprar' o programa.
A dúvida está na disposição do governo central, estados e municípios em realmente diminuir suas despesas. Quando a economia cresce em condições normais, o Estado deve controlá-las, para não aquecer demais a atividade e tornar o movimento desiquilibrado. O gasto excessivo transforma o bem-sucedido estímulo à produção e consumo em inflação e maiores juros no momento seguinte. "Analistas não acreditam no cumprimento da meta de inflação em 2011 e já começam a duvidar quanto ao ano de 2012", alerta Luciana.
Por outro lado...
O economista da Investor, Dany Rappaport, diz que a melhora do rating tem mais a ver com a posição mais favorável do Brasil no cenário externo neste momento, como reservas elevadas e preços de commodities em alta. "Apesar disto, acredito sim que parte da estratégia de combate à inflação seja a redução das despesas públicas e isto é bastante positivo", diz.
O professor da Fipecafi, Celso Grisi, é ainda mais contundente, ao dizer que o mercado já recebeu o corte de Orçamento e que ele já mostra seus resultados. "Acredito o corte orçamentário já produziu até os primeiros resultados. As contas públicas neste mês estão bem melhores que no mês anterior. Então, já há uma recomposição que há de refletir-se no mercado e na percepção dele nos próximos períodos", projeta.
Grisi avalia que o corte pode não se realizar completamente, "mas pelo menos entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões ele deve cortar". Ele ainda explica que o plano foi feito para retirar o ritmo intenso de crescimento da economia, não para gerar recessão. Desta forma, o governo acabou por optar por posteriormente adicionar medidas de controle da inflação para aproximá-la do centro da meta. "É uma esratégia gradualista de controle da inflação, iniciada por medidas macroeconômicas no ano passado, como a contenção do crédito", afirma.

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