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sábado, 31 de março de 2012

Estratégia de baixo custo

Trabalhladores de todo mundo, uni-vos!
Direitos trabalhistas precisam ser respeitados na segunda maior economia do mundo. Sobretudo, porque lá o regime político é o comunismo, de inspiração proletária. No Brasil, os Sindicatos de trabalhadores não poderiam silenciar e no Forum Social essa bandeira deveria ter sido hasteada pelos internacionalistas.
Vejam o que está acontecendo, de novo. A Foxconn amealha sucessivas acusações de jornadas de trabalho abusivas. Um nome que ameniza expressão mais própria: trabalho escravo. As condições de alimentação, turnos de descanso, fatores de higiene ultrapassam, em muito, o tolerável, segundo inúmeros relatórios de organizações oficiais e oficiosas que já examinaram o assunto.
Lá, como aqui, há uma prevalência do cinismo patrocinado pelas empresas que terceirizaram a fabricação de seus equipamentos à empresa chinesa. Não são nomes desprezíveis. Ao contrário, são marcas conhecidas e companhias multinacionais, tais como  Apple, Dell e Sony.
A Fair Labor Association (FLA), ONG internacional de proteção ao trabalhador, deu a conhecer seu relatório, envolvendo vistorias e mais de 35 mil entrevistas com empregados da Foxconn. Foi um horror. Ou melhor, foi apenas a reafirmação de mais um horror: a moral do baixo custo. Algo já descrito na teoria econômica para explicar o comportamento das instituições face aos custos das transações. O exercício do oportunismo dos agentes, substituindo a busca pelas oportunidades; o exercício de condutas de elevado risco moral, aproveitando-se de falhas nos contratos ex-ante e ex-post.
A Foxconn prometeu que fará mudanças para atender toda a legislação chinesa. Mas, atender a legislação aumentará os custos dos produtos fabricados pela empresa. Seus contratantes aceitarão? Ou vão compartilhar veladamente desse oportunismo, endossando condutas que apenas disfarcem ou minimizem situações mais agudas? Os preços de produtos como iPhones, iPads, computadores, notebooks, videogames vão sofrer impactos nos mercados.
No Brasil, o mesmo está acontecendo no setor de citricultura, segundo os agricultores que cultivam a laranja. Eles têm feitos inúmeras denúncias  sobre o comportamento das indústrias que produzem o suco dessa fruta. Dizem sofrer com oportunismo ex-ante e ex-post, de seus compradores, cujas ações embutem manipulações e ocultamento de intenções e informações. Esses procedimentos das indústrias do setor estariam produzindo lucros que alteram a configuração inicial do contrato, gerando severas perdas ao produtor de laranja e conflitos perversos no âmbito das relações contratuais que regem essas transações entre esses agentes econômicos.
Na China, como no Brasil, causa estranheza a ausência do estado. Vemos o consumidor aproveitar-se dos preços e as contratantes aproveitarem-se dos lucros.Quem duvidar, entre no site da FAir Labor Association. O relatório completo está disponível aos incrédulos.

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