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sábado, 2 de março de 2013

O que fará o Copom?

A sinuca é de bico.
A pressão inflacionária não se desfez, embora tenha reduzido um pouco sua intensidade. A economia ainda desacelera, mesmo depois de tantos incentivos a sua recuperação. Nesse contexto - que contrariou todas as previsões oficiais-, e que ameaça desacelerar a criação de empregos, o Conselho de Política Monetária vai se reunir na próxima semana para tomar decisões sobre juros e, quem sabe, sobre câmbio, considerando a necessidade de crescimento e os riscos de inflação. Deveria também cogitar sobre os impactos na Balança de Pagamentos. Mas isso, certamente ficará à margem das preocupações atuais, sob o pretexto de que as reservas ainda são muito grandes.
Em meio às discussões sobre os rumos da economia nacional, o IPCA de fevereiro deve apontar para uma inflação já arranhando o limite superior da meta. Haverá sempre a possibilidade de arguir-se, em favor das autoridades econômicas, que o regime de metas para inflação é obsoleto e que, no regime de flutuante para o câmbio, é normal conviver com valorizações temporárias da moeda nacional. Com isso, a Selic ficaria preservada, poupando o governo federal dos desgastes de uma alta, e o câmbio combateria a inflação, obrigando o Ministério da Fazenda a produzir uma nova safra de incentivos, como compensação à competitividade industrial.
A ata dessa reunião também poderia enfatizar que a produção industrial de janeiro está em alta, puxada pelo aumento da produção de caminhões, esquecendo que fevereiro já registrou uma redução na utilização da capacidade instalada e uma diminuição, ainda que modesta, da confiança do empresário.
A reversão do estado letárgico em que o governo lançou a economia nacional pressupõe a ampliação dos investimentos, segundo o diagnóstico unânime dos especialistas. Para tanto, será necessário enviar aos investidores estrangeiros um recado definitivo. A manutenção da Selic no atual patamar aponta para uma política monetária afastada de seus objetivos centrais.
O momento sugere que a Selic deveria subir mais expressivamente para afastar as incertezas e ampliar a previsibilidade dos investimentos requeridos pelas concessões. Para isso, não basta uma alta cosmética.
Obediente aos conceitos de que as maldades devem ser feitas de uma única vez e que as bondades devem ser distribuídas ao longo do tempo, o Copom não deveria perder a oportunidade de aumentar a Selic em, pelo menos, 0,75 ponto percentual. Os investidores reconheceriam essa medida e o governo mostraria sua determinação em produzir crescimento, sem a perda da estabilidade da moeda nacional.


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