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quinta-feira, 3 de maio de 2012

É hora de mudar a lógica do crescimento


O pacote não produziu efeitos econômicos. Produziu apenas efeitos políticos.
O consumo está exaurido e as autoridades monetárias não conseguem estimulá-los. As famílias estão endividadas, consumidores e empresas inadimplentes, como nunca. E os preços começam a subir.
O IPC-Fipe, que mede a inflação em São Paulo, subiu no mês de abril. A alta é preocupante, dada sua dimensão. Saiu de 0,15% no mês de março, para 0,47%, em abril. Dois grupos de gastos pesaram de forma determinante para essa elevação. As Despesas Pessoais, que havia registrado deflação de 0,21 em março, apresentou uma alta de 1,94%, e os gastos com Vestuário, que saiu de 0,18%, atingindo 0,89%, em abril.
Os indicadores inflacionários começaram a se movimentar já em março e o IPC da FIPE veio consistente com essa tendência geral.
Não  há sinais de crescimento econômico. As importações em queda sinalizam para o consumo menor. Em prazo curto, o mercado de trabalho deve acusar o golpe. Empregadores foram desestimulados a contratar.
Salários mais altos não provocaram efeitos visíveis na produtividade e os encargos sociais, como um percentual elevado desses salários, desestimularam a atividade empresarial, já suficientemente punida pelo peso dos impostos e pelo longo período de apreciação da moeda nacional.
A confiança, pesquisada pela FGV no setor de serviços, no mês de abril, apresentou nova queda. O indicador sofreu retração de 4,8% em relação a abril do ano anterior. Note-se que setor de serviços está entre os mais ativos da economia nesses últimos anos e tem sido responsabilizado pelas pressões inflacionárias ocorridas em 2010 e 2011.
Em relação ao comércio, as coisas também não andam bem. Aqui,  os maiores receios vem pelas mãos da inadimplência crescente. A Serasa Experian tem apontado em seus estudos que o avanço do endividamento e da inadimplência entre os consumidores, diminui os recursos para o consumo. E isso coloca os varejistas na retranca, também. As compras se retraem, os estoques são conservados em níveis mais baixos e o consumo não sugere aumentos nas vendas.
Desonerações, reduções de juros, medidas setoriais já não surtem os efeitos esperados. Há, de fato, uma nova lógica instaurada para o crescimento econômico, diferente daquela que conduziu as medidas no período Lula da Silva. A demanda interna já não consegue substituir, com a mesma eficiência, a retração do mercado internacional. Os preços no mundo caíram e competitividade aumentou expressivamente. O mercado brasileiro foi atendido pelas importações e isso ajudou a conter a inflação nacional, mas empregou o trabalhador dos países exportadores e desativou a produção nacional. Não foi falta de avisar. O governo estava imerso nas comemorações de seus êxitos momentâneos e desfrutando dos prazeres do populismo. Não pode ouvir.
Agora, o prestígio está sendo mantido à custa do discurso que rivaliza a população com seu sistema financeiro. Derrubar juros não é coisa tão fácil. Portabilidade também não. Os custos cartoriais, nos empréstimos imobiliários, e os da burocracia creditícia impedem grande parte das transferências.
É hora de mudar a lógica do crescimento. O caminho para isso exige a ampliação da poupança nacional e dos investimentos públicos e privados, ambos como elementos preservadores do emprego e dos aumentos reais de renda. Isso poderá trazer sustentabilidade ao consumo nacional.

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