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quarta-feira, 16 de maio de 2012

O santo é de barro

No mercado financeiro global,
previsibilidade é questão central
Os capitais estrangeiros que haviam entrado com força na Bovespa, desde o mês de janeiro, levantaram âncoras e zarparam a busca de portos mais seguros.
Teria sido, na hipótese de analistas, a instabilidade grega e/ou o agravamento das circunstâncias econômicas da Espanha, os responsáveis pela evasão desses capitais. Em certa medida, é possível aceitar esses dois elementos como relevantes nas decisões de escolha de um país para a alocação de ativos monetizados. Mas, é preciso considerar que a previsibilidade no Brasil reduziu-se consideravelmente. A carga tributária passou por deslocamentos, de seu peso relativo entre os setores econômicos, nada desprezíveis, a partir das chamadas desonerações. O ambiente econômico nacional tornou-se mais protecionista e passou a ser defendido, configurando reservas de mercado inaceitáveis para os produtores locais. Os problemas fronteiriços estão se tornando mais sérios, quer na Bolívia, quer no Paraguai e na Venezuela. Os procedimentos truculentos para o encaminhamento da redução dos juros surpreendeu a todos, abandonando o tratamento técnico e lançando o sistema financeiro em confrontos políticos da pior qualidade. As imagens das instituições dessa área saíram desse episódio desgastadas.
Nos últimos tempos, tudo passou a ser tratado de forma política e unilateral, sem consultas, abusando da estratégia de cabo de guerra. O governo, mais forte, deixou de intervir para, de fato, arrastar os agentes em direções avessas àquelas que, em princípio, a liberdade econômica lhes garantiria.
Resultados práticos para o crescimento ainda não apareceram. Só a inflação suspira, ameaçadoramente. Indústria e crédito estão retraídos. A falta de previsibilidade explica a inércia dos investimentos privados e do consumo das famílias.
Contávamos com o capital internacional para garantir níveis crescentes de emprego e para a expansão do PIB. Ele nos deixou. Até o ministro Mantega já reduziu suas previsões para o crescimento nacional.
Há muita fumaça no ar e pouco fogo na terra. O desconforto dos analistas internacionais refere-se às decisões de política monetária descompromissadas com a estabilidade da moeda e com a política fiscal cuja natureza contracíclica tem revelado uma surpreendente despreocupação com a redução do superávit primário.
Assistimos mudanças tão consideráveis na estrutura industrial do país que já se admite a hipótese de que uma nova política industrial, improvisada e não planejada, está em curso. Parece que o ideologismo Cepalino nutre os espíritos e as decisões que, por sua vez, fizeram a previsibilidade se esvair e recomendam que o governo “devagar com o andor”.

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