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domingo, 21 de agosto de 2011

Atualizando a análise

Visita aos últimos fatos da economia brasileira
O IPCA-15 de agosto chegou aos 0,27%, contra os 0,10% de julho. Com isso, já acumula alta de 4,48% no ano. Esse indicador é uma prévia bastante confiável do que acontecerá com os preços no final do mês. Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 alcançou 7,10%. Em que pese a crise que o mundo está atravessando, com as ameaças recessivas que nos possam atingir, a decisão do COPOM sobre a taxa Selic fica mais difícil com essa alta.
A inflação volta a mostrar seus dentes, enquanto o crédito continua sua tendência expansionista. Os dados de julho devem confirmar o crescimento do crédito e seus impactos na liquidez. A demanda de imóveis está sendo alimentada pela expansão dos recursos disponibilizados para o setor habitacional. Os créditos direcionados devem aparecer com crescimento mais acentuado nesse mês, puxado, sobretudo, pelo segmento das pessoas jurídicas que precisam financiar sua produção e suas vendas. Também é de se esperar por um aumento mais forte da inadimplência, agora já alcançando níveis mais preocupantes. As carteiras de crédito com riscos maiores devem acusar esse golpe e podem inspirar futuras medidas de proteção a bancos médios e pequenos.
Agentes creditícios de maior porte, mais prudentes, ostentam carteiras saudáveis e deverão inaugurar um novo ciclo de crescimento dos juros e spreads, aliviando a necessidade de elevações adicionais na Selic. Dessa vez, o “serviço sujo” ficará por conta do setor privado, com elevações de suas taxas reais. Um novo impulso será dado ao crescimento da inadimplência.
Embora as previsões indiquem reduções na oferta de empregos e uma evolução menos favorável da renda das famílias, as carteiras de crédito continuam a crescer em um ritmo de 20% ao ano, muito além do que o Banco Central considera como desejável.
Difícil, contudo, acreditar na manutenção do aquecimento do mercado de trabalho e na conseqüente ampliação da renda das famílias pelos reajustes salariais esperados para a segunda metade desse ano. A economia brasileira não está completamente blindada à crise internacional e por isso não autoriza previsões de que o desemprego permaneça na casa do 6,1% e que a renda cresça 4%, em termos reais, apenas com o mercado interno.
A crise internacional chegará pelas mãos da redução das exportações brasileiras. Cairão preços e quantidades. Os saldos da balança comercial devem sofrer reduções expressivas e o déficit em transações correntes deverá se ampliar, superando os US$ 55 bilhões no final desse ano. Do lado externo, a melhor contribuição continuará vindo dos investimentos externos diretos. Possivelmente, esses investimentos atinjam os US$ 70 bilhões, no período de julho de 2010 a julho de 2011, garantindo tranquilidade ao financiamento do déficit em transações correntes.
As reservas brasileiras estão em US$ 350 bilhões e constituem um precioso anteparo aos problemas mundiais.
No mesmo sentido, as contas fiscais, sob nova direção, poderão registrar um superávit primário próximo a R$ 12,5 bilhões, no fechamento do primeiro semestre. É bem verdade que a arrecadação, em termos reais, cresceu 21% ao ano. Entretanto, é empolgante constatar que a meta fiscal já está quase alcançada. O setor público consolidado aproxima-se de um superávit na ordem de R$ 14 bilhões, com estados e municípios contribuindo positivamente para esse resultado. O resultado mostra a disposição do governo em corrigir as contas públicas e de continuar a fortalecer os fundamentos da economia nacional. No acumulado dos últimos doze meses, o superávit subirá de 2,6% para 2,8% do PIB, muito próximo dos 2,9%, estabelecidos como meta para todo ano de 2011.
Em síntese, o país conta com bons fundamentos econômicos. Mas as dificuldades mundiais reduzem as expectativas de crescimento do PIB para qualquer coisa como 3,5% nesse ano. Juros reais em alta, desemprego crescendo para algo como 7% e a renda real aumentando na casa dos 3%.
Já seria o bastante para reduzir a velocidade de expansão do crédito, manter a inflação próxima ao limite superior da meta e permitir ao país, mais uma vez, a superar a recessão global.

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