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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Antes tarde do que nunca

Enfim, o governo acordou
Dólar depreciado já seria o suficiente. Mas a isso se adicionou a maior taxa de juros do mundo. Ficou difícil produzir no Brasil. Estou falando do Brasil de muitos anos atrás. As reclamações se intensificaram nesses últimos 20 anos.
Alheio, o governo carregou a mão nos impostos cobrados à produção e temperou o  ambiente econômico no molho dos encargos sociais. Os reclamos sobre a industrialização foram respondidos com os benefícios dos ganhos de eficiência que o empresariado deveria apresentar. Chegamos aqui com a indústria nacional mandando o recado: o último que sair, por favor, apague as poucas luzes que remanesceram acessas.
No Brasil, a legislação trabalhista deixa apenas três opções para a contratação de mão de obra. CLT, temporário e autônomo. Autônomo é entendido no país como disfarce do vínculo empregatício e, portanto, trata-se de abstração jurídica, prevista em lei, mas jamais aceita pelos tribunais.
A inflexibilidade da legislação inibe contratações e pune o (sempre pré-julgado) empregador. Os encargos sociais ultrapassam os 100%.
Se o empregado recorrer ao sobrecarregado sistema de saúde, o atendimento é duvidoso. O empregador se vê obrigado às contribuições compulsórias e, simultaneamente, a contratar um plano privado de saúde para proteção do trabalhador abandonado. As aposentadorias são muito baixas e desamparam a todos na velhice. O empregador se vê, mais uma vez, obrigado a contratar planos privados de aposentadoria para o esquecido trabalhador. E tudo, embora compulsoriamente faça seus recolhimentos a taxas abusivas.
A falta de infraestrutura encarece ainda mais a produção e a distribuição. Rodovias esburacadas, ausência de malha ferroviária, de pátios de manobra, de carga e descarga, de espaço para estocagem,  escassez de berços de atracação, portos assoreados, filas, aeroportos congestionados, custos dos serviços públicos, excesso de burocracia (14 ministérios estão envolvidos em uma exportação). Chega! Fui longe demais.
O IBGE aponta queda na produção industrial brasileira de 1,6% em junho, na comparação com o mês anterior. Nos últimos doze meses a o crescimento foi de míseros 0,9%. Quase zero, mostrando uma retração bem mais forte do que a esperada.
A produção de bens de capital caiu de 1,9%. A produção de bens de consumo semi e não-duráveis retraiu-se 2,4% e a de  produtos intermediários, que recuou em 1,6%. Foram nada menos que 20 dos 27 ramos de atividade que explicaram a queda.
O governo ontem anunciou suas medidas que envolvem renúncia fiscal, reduções de alíquota patronal do INSS para alguns setores, algumas isenções de IPI, uso de créditos tributários de forma imediata para certas aquisições, privilégio de 25% nos preços para a indústria nacional nas compras governamentais.
Depois de décadas, o governo acordou. Os problemas são grandes e graves. Alcançam generalizadamente a estrutura da economia nacional. Não será fácil reverter essa situação. Ainda que paliativas e insuficientes, as medidas mostram o reconhecimento da situação nacional. Só por isso, merecem o aplauso de quantos pensam e discutem a competitividade da produção nacional.

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