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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Expansão do crédito?

Crédito a empresas se retrai com
o aumento das emissões
DCI      Data: 30/04     -     Fernando Teixeira
Os números divulgados ontem pelo Banco Central mostram que a oferta de crédito para empresas enfrenta um momento de indefinição. Segundo os números, o crédito direcionado (com recursos quase  totalmente do BNDES) e o crédito livre, com recursos próprios dos bancos, cresceram 0,2% em relação a fevereiro. A preferência dos bancos privados pelas pessoas físicas, e o fortalecimento do mercado de capitais no início de 2010 são dois fatores que explicam os resultados.
SÃO PAULO -
De acordo com o BC, em março de 2009, o volume de crédito livre para empresas era de R$ 465,1 bilhões. Em março deste ano, o volume ficou apenas 4,6% maior, somando R$ 486, 7 milhões. Já os recursos direcionados variaram 34% em 12 meses, saltando de R$ 224,6 milhões para R$ 300, 9.
De acordo com o BC, o  volume global de crédito do sistema financeiro brasileiro subiu 1,1% entre fevereiro e março, para R$ 1,452 trilhão, o correspondente a 45% do Produto Interno Bruto (PIB). Em janeiro, o volume de dinheiro para empréstimo estava em R$ 1,436 trilhão, também em 45% do PIB. Em março de 2009, essa relação era de 41% do PIB. O diretor da Fractal Instituto de Pesquisa, Celso Grisi, acredita que os empréstimos devam ficar mais caros e escassos no curto prazo. “O aquecimento da economia faz o governo aumentar a taxa básica de juros, a Selic. Os bancos vão repassar os custos para os empréstimos. O mercado de crédito  arrefecer-se-á.”
Grisi entende que é uma política do governo brasileiro financiar as empresas. Ele lembrou que, recentemente, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, garantiu que os desembolsos do banco de fomento, este ano, devam ficar entre R$ 126 bilhões e R$ 127 bilhões. “O BNDES tem funding para cumprir seu papel em 2010 com folga” afirmou Coutinho, no início deste mês.
Grisi  diz que é tendência dos bancos privados  financiar o crédito a pessoa física, principalmente no crédito pessoal. “Os bancos privados emprestam a pessoas jurídicas, mas os lucros são menores, por isso, os empréstimos a pessoas físicas são mais constantes e preferidos.”
Segundo o especialista, o BC não aceitará por muito mais tempo que os bancos façam excesso de provisões porque em 2014 entrará em vigor a terceira fase do acordo de Basileia, quando os bancos se autorregulamentarão. “Hoje os bancos fazem dívida subordinada. De modo geral, somente bancos grandes utilizam o instrumento. É um reforço de capital e sem abertura de controle acionário ou adição de sócios.”
Um dos bancos que podem valer-se disto é o Bradesco. Na quarta-feira, o vice-presidente executivo do banco, Domingos Figueiredo de Abreu, disse que o banco se encontra em situação confortável, mas pode angariar recursos de forma subordinada. “Nós podemos usar até R$ 20 bilhões deste instrumento, e neste momento, utilizamos somente R$ 9 bilhões.”
Na opinião do pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da Unicamp, Fernando Sarti, o sistema bancário privado tem aversão a fazer empréstimos às empresas. “O empresário depende muito do BNDES. Já viu banco privado emprestar dinheiro para empresas?”
Ele ressalta que o Estado continuará sendo o grande financiador para os empresários, mas que os bancos privados poderiam rever sua posição. “Os números mostram que os brasileiros não são irresponsáveis em suas dívidas. Tanto as pessoas físicas como  as jurídicas não ultrapassam os dois dígitos no quesito inadimplência.”
O acadêmico justifica sua argumentação no levantamento feito pelo Banco Central, que mostra que o nível de calote da pessoa jurídica é de 3,6%  (aumentou 1 p.p. quando comparado a março do ano passado). No caso de pessoas físicas, o calote é de 7% (1, 4  p.p. em 12 meses).Outro ponto em que Sarti discorda da decisão do governo é o aumento de 0,75 ponto percentual da taxa Selic. “O BC mostra que o índice de inadimplência cai e está abaixo de dois dígitos. Não temos crédito excessivo no mercado  nem calores fora de controle. Como justificar o aumento?”

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