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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Crédito, inflação e consumo 1

Subir juros, mantendo a estrutura da oferta creditícia é um tiro no pé
Na Fractal, fazemos um painel trimestral, na cidade de São Paulo, para controlar gastos, consumo, crédito, endividamento, inadimplência, insolvência e condições de recuperação do crédito concedido. Com base nesse estudo, tenho afirmado que o endividamento das famílias de menor renda está excessivamente alto. Essas famílias estão com mais de 30% de sua renda comprometida com pagamento de empréstimos, cujas parcelas mensais vão estender-se até o próximo Natal de 2010. Essa situação aponta para um consumo movido a crédito e para uma inflação de demanda nitidamente sustentada pelo estímulo ao endividamento excessivo. Corrobora esse fato a constatação, nesse estudo, de que mais de 10 % dessas famílias dizem não poder pagar suas dívidas. Estaríamos, então, projetando uma insolvência para esse grupo de 10%. A elevação das taxas de juros agravará ainda mais essa situação. Insolvência e inadimplência agravadas obrigarão à ampliação dos spreads bancários que, por sua vez, pressionará a taxa de juros. Fechou-se o círculo. A demanda cede, cede o crescimento e a alguém constatará que o Brasil é o país com a maior taxa de juros do mundo e que atrai capitais especulativos por essa razão, apreciando o real e exaurindo a competitividade das exportações nacionais. Restarão apenas as commodities a exportar, dirá.
Que tal contingenciar o crédito ao consumo? Já não é momento de preservarmos a saúde financeira das famílias pobres, contra o excesso de endividamento? Que tal ensiná-las também a poupar com a finalidade de construir um colchão protetor de suas próprias finanças individuais?
Precisamos nesse instante recorrer mais uma vez a alta da Selic. A inflação pressiona e não se pode perder a estabilidade monetária. Mas, a isso, seria preciso associar uma nova política creditícia, sustentando a expansão da demanda e do crescimento pelo aumento da renda. E não pela sua antecipação por meio do crédito.

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