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domingo, 14 de novembro de 2010

Não podem faltar investimentos

Discussão sobre endividamento de países
fica em 2º plano no G20
Veículo: Folha de São Paulo - Data: 12/11/2010 - MAÍRA TEIXEIRA
O problema do crescente endividamento dos países deveria ser destaque na reunião do G20, realizada nesta quinta e sexta-feira em Seul. Mas, mesmo sendo um tema relevante e essencial para a economia mundial, ficou em segundo plano.
Para Felipe Tâmega, economista-chefe do Modal, o controle do endividamento e do déficit público são importantes. "Mas isso não quer dizer que um país precisa ter sua dívida pública zerada. O endividamento público é, muitas vezes, essencial para que uma nação faça investimentos importantes e aloque recursos para conseguir se capitalizar no futuro ou melhorar a infraestrutura do país."
Entenda o G20
Na opinião dos economistas, a discussão fiscal tem de ser feita no sentido da qualidade da dívida pública. "Limitar o endividamentos de países pode conter gastos exagerados. O ideal ao gerir a uma dívida pública é ter um déficit um agora, mas sinalizar que estão sendo tomadas medidas para diminuir gastos.
Ou demonstrar que esses gastos vão ajudar no desenvolvimento da economia e do país como um todo, em diversos setores. O ideal é fazer dívidas que se revertam em benefícios”, defende Tâmega.
Alguns países com dívida pública já tentam sinalizar uma reversão do quadro negativo. Com medidas muitas vezes duras e impopulares, como cortes de benefícios sociais, salários do funcionalismo para diminuir os custos, essas economias vêm demonstrando melhoras, especialmente no caso da Europa que parece ter controlado os efeitos da crise.
"Os EUA são um ótimo exemplo negativo do efeito do crescimento da dívida. Desde o começo da crise, naturalmente, o governo aumentou muito os gastos com a seguridade e estendeu benefícios e estímulos à economia. O mercado já sinalizava que o país deveria reduzir estímulos, o que não ocorreu ainda, pelo contrário. Tudo isso faz com que o déficit fiscal cresça ano após ano e economia ainda patine", analisa o economista da Opus, José Márcio Camargo.
Para Celso Grisi, economista da FIA (Fundação Instituto de Administração) e da USP (Universidade de São Paulo), trabalhadores sem rendimentos, e acuados, consumiram menos do que economia precisa e que o Estado esperava. "Sem investimentos, a roda não gira e isso influencia no desemprego e na diminuição da renda, o que promove uma estagnação ou recuperação muito lenta", diz Grisi. Para o economista é importante conter os gastos para fazer um controle da dívida que tem dado resultados ruins. Segundo o FMI, em 2007, a dívida bruta dos EUA estava em 62% do PIB. O cálculo do fundo é de que em 2015 chegue a 110%. "A dívida quase dobra e a economia não tem reagido como o esperado. Ou seja, os estímulos não estão dando resultados", explica Grisi.
Para Felipe Tamêga, economista-chefe do Modal, outro país que preocupa muito é o Japão. "A situação do Japão é uma das piores e está ligada a uma recessão longa que país enfrentou. Em 2007, a dívida pública japonesa era de 187,7% do PIB, o que já era ruim, mas em 2015, a estimativa é de que chegue a 248%.
A economia japonesa vem decepcionando tanto que, por conta da desaceleração do segundo trimestre, fez o país perder o posto histórico de segunda maior potência do mundo para a China -- ao menos no período de abril a junho. O resultado é que o PIB japonês no segundo trimestre ficou em US$ 1,29 trilhão, ante US$ 1,34 trilhão dos rivais chineses.
O PIB japonês cresceu 0,1% em relação aos três primeiros meses do ano, quando se expandiu em 1,1%, com a valorização do iene em relação ao dólar prejudicando o setor exportador e o consumo interno perdendo força.
Nos países da Europa o endividamento dos Estados também é alto, mas, em contrapartida, não crescem na velocidade dos EUA ou Japão, de acordo com dados do FMI. Em 2007, a Itália tinha a dívida em 103,4% do PIB, em 2015 deve chegar a 124,7%. A Alemanha tinha em 2007 65% do PIB em dívida pública e esse percentual deve saltar para 81,5 em 2015.

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