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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O mar não está pra peixe

Na UE, agora é a vez dos periféricos. No Brasil, juros e contas públicas dominam a cena
O mercado internacional começa a firmar a convicção de que Portugal e Espanha devem recorrer ao triunvirato europeu, composto por BCE, Comissão Europeia e FMI. Os efeitos esperados são os mesmos dos episódios anteriores protagonizados pela Grécia e Irlanda: pânico e pressões de baixas em todos os preços de ativos.
O mar ficou revolto. As bolsas da Europa vieram para baixo, encerrando a sexta-feira no negativo. Enter as ações, as de commodities foram as que mais sofreram. Paris apresentou desvalorização de 0,84%, Londres caiu 0,53% e Frankfurt com baixa de 0,45%.
Nos Estados Unidos, as bolsas fizeram movimento similar, refletindo as preocupações em relação à dívida portuguesa e espanhola. Foram também decisivas para essa queda, as tensões provocadas pelo conflito entre as duas Coreias. Dow Jones em baixa de 0,85%, o S&P 500 em queda de 0,75% e o Nasdaq Composite em retração de 0,34%.
Em consonância com o esse ambiente incerto e tensionado por acontecimentos políticos e econômicos, os treasuries voltam a ser procurados e têm seus preços em alta. Os títulos de 10 anos do Tesouro norte-americano fecharam a semana com rendimentos de 2,87%, enquanto os títulos de 5 anos apresentavam rendimentos de 1,53% e os de 30 anos alcançaram 4,21%.
O petróleo também caiu, como se poderia esperar. Os contratos de petróleo fecharam em baixa. A cotação do barril do petróleo Brent, negociado no mercado de Londres, fechou a US$ 85,58, o que corresponde à baixa de 0,60% em relação ao dia anterior. Em Nova York, a queda, no dia,  foi de 0,12%, cotado a US$ 83,76 por barril. Esses preços podem cair ainda mais em função do comportamento da China no combate a sua inflação interna. O excesso de liquidez, decorrente da oferta abundante de crédito, ainda pode pedir novas intervenções do governo comunista de Pekin. Se isso acontecer, o arrefecimento do ritmo da economia naquele país pode acentuar-se, reduzindo sua taxa de crescimento a algo em torno de 8% ao ano.
O quadro europeu desvalorizou o euro em relação ao dólar. As causas relacionam-se aos problemas econômicos do Velho Continente e não deve ser confundido com guerra cambial.
No Brasil, o sonho de Alice no seu país das maravilhas começa a fazer água. Os juros futuros sobem, sinalizando a preocupação com uma inflação que parece querer sair das mãos do governo federal. O problema é grande em trêss itens: energia, alimentos e construção civil. O mercado já espera por novos aumentos das taxas de juros. As declarações oficiais sobre a correção das contas públicas ainda não pareceram críveis para os investidores. Internacionalmente, a credibilidade do governo foi contaminada pelos efeitos da chamada “ Contabilidade Criativa”. Produzir resultados a partir dos contadores públicos de plantão, realmente não deu certo.
O real refletiu também deterioração da avaliação de nossa economia. O dólar comercial fechou na sexta-feira com alta de 0,35%, cotado a R$ 1,728. A moeda norte-americana ganhou nessa semana 0,52%. Devagar, mas consistentemente, o dólar vem se apreciando. De um lado, essa apreciação reflete o acerto das medidas que elevaram o IOF sobre capitais estrangeiros. De outro, mostra que oa investidores estão preocupados com a estabilidade dos precos e com as informações sobre a economia do país.

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