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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Dólar na gangorra outra vez

Alta de índices aponta que inflação deve subir mais do que o previsto
Veículo: Portal IG Economia - Data: 02/02 - 02/02 - 17:53
Olivia Alonso, iG São Paulo
Indicadores de preços sinalizam que a inflação deverá ser maior em 2010 do que o mercado vinha prevendo, afirmam analistas. Para eles, os principais índices deverão começar a ser revistos para cima com mais intensidade. Além disso, a política monetária deverá ser apertada para que se consiga controlar os preços no País. Nesta quarta-feira, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da cidade de São Paulo apontou inflação de 1,34% em janeiro, taxa mensal mais alta desde fevereiro de 2003. Apesar de a alta ter sido puxada por transportes e educação, alguns itens surpreenderam o mercado, segundo a analista Priscila Godoy, da Rosenberg & Associados.
· Inflação em São Paulo é a maior desde fevereiro de 2003 
“Mesmo com os aumentos pontuais, como o decorrente do ajuste do ônibus e da educação, que já eram esperados, a alta dos alimentos surpreendeu e as pessoas passarão a considerar isso”, afirma Godoy.
O boletim Focus do Banco Central já trouxe um pequeno aumento na previsão do mercado para a inflação esta semana, de 4,6% para 4,62%. “Além dos alimentos, há também a questão do setor de serviços. O aumento do salário mínimo foi alto e deve resultar em altas em diversos segmentos ligados aos serviços”, acrescenta ela.
Celso Grisi, professor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do instituto de pesquisa de mercado Fractal, concorda que as previsões feitas até o momento para inflação devem ser revistas. Na opinião dele, a inflação deverá ser impulsionada principalmente pela alta do dólar. Ele explica que a moeda norte-americana mais forte tende a elevar não só os preços dos itens importados, mas também os preços internos. Como o real desvalorizado favorece as exportações, mais produtos tendem a sair do País, gerando queda de oferta num momento de alta demanda.
Mais altas à frente
 “Qualquer previsão que se fez não considerou uma eventual elevação da moeda americana”, frisa Grisi. Ele acredita que os setores farmacêutico, de alimentos, commodities, imobiliário são alguns dos que devem apresentar altas de preços nos próximos períodos.
Já André Perfeito, economista da Gradual Investimentos, chama a atenção para a alta do açúcar. “O que preocupa um pouco são altas na cadeia do açúcar, na qual os preços são livres, ao contrário dos transportes e da educação, cujos preços são adminsitrados", diz ele. "O açúcar é matéria-prima de uma série enorme de produtos e seu aumento tem impacto no álcool, na gasolina e nos alimentos, por exemplo.”
O aumento do preço do açúcar, que vem sendo observado desde meados de dezembro, já influenciou altas recentes dos índices de preços, como o Índice de Preços por Atacado (IPA), que variou de uma deflação de 1,40%, em dezembro, para 7,22% de alta, em janeiro, sob influência do açúcar cristal.
Os analistas concordam que políticas monetárias serão necessárias para conter a inflação e acreditam que, ainda que o ano seja de eleições, o Banco Central deverá controlar a inflação por meio de elevação do juros. “As autoridades já estão atentas e acredito que o Banco Central não deixará de mexer nos juros se julgar necessário”, afirma Celso Grisi.

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