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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Na ressaca da crise

Muita dor de cabeça pela frente
O simples balanço dos estragos promovidos pela crise financeira internacional nas economias ricas sugere a necessidade de repensarmos o atual modelo de governança mundial. As dívidas dos estados ricos e seus respectivos déficits públicos alarmam pelas suas dimensões e pelas vulnerabilidades impostas à administração das economias desenvolvidas.
Considerados os países que formam o G-7, o grupo dos países mais industrializados - Alemanha, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Canadá-, todos se apresentam desestruturados em seus fundamentos econômicos. Dívidas públicas altas, acompanhadas por juros baixíssimos e preços dormentes. Essa combinação, quase mágica aos olhos brasileiros, só pode ser explicada pelo papel que se atribuiu aos estados nacionais com vistas ao combate à atmosfera econômica de forte recessão. Considerando-se todo o G-20, as coisas também não estão fáceis. O Fundo Monetário Internacional estimava em 2007, antes da crise financeira, portanto, que a dívida desse grupo de países correspondesse a 80% da soma de seus PIB’s. Para 2014, a mesma fonte estima que a dívida deva alcançar os insuportáveis 118,0% do PIB agregado do G-20.
O pivô dessa crise foi o sistema financeiro e como estados não contam com outras receitas senão aquelas vindas de suas arrecadações, a solução mais simplista está dirigida para cobrança de impostos sobre operações financeiras ou, alternativamente, senão que adicionalmente, uma taxa que incida sobre os depósitos mantidos nessas instituições.`
Até entendo que isso seja feito, mas estranho que não tenham sido lembrados outros agentes econômicos cujas contribuições para essa crise não foram desprezíveis: fundos de hedge, as empresas com operações de private equity, seguradoras, fundos de pensão, incorporadores, etc. Aliás, ao cobrar taxas sobre depósitos mantidos em instituições financeiras quem, de fato, arcará com esses custos? Os bancos ou os correntistas? Como diz a sabedoria popular, “do couro sai a correia”.
Bancos de investimentos provocaram a crise com o dinheiro de grandes investidores. A proposta agora é a de tributar depósitos dos pequenos poupadores e do público em geral.
A argumentação tem uma lógica, no mínimo, duvidosa. Talvez devêssemos passar esses estudos para um comitê econômico integrado por outros membros da sociedade civil. Que tal agregarmos às equipes do FMI e do BID, ou mesmo da Comissão Européia para Assuntos Econômicos, pessoas ligadas à UNCTAD, à FAO, à OIT, à OMS? Até penso que poderíamos completar essa lista. Novas visões e novas regras deveriam emergir em favor de um capitalismo mais comprometido com o desenvolvimento social.

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