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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Bacen acompanha o comportamento das commodities

Matéria-prima no Brasil sobe 33,5% em 12 meses, indica BC
Veículo: DCI  -  Data: 03/02/11  -  Karina Nappi
São Paulo - A segunda edição do índice de commodities Brasil (IC-Br) do Banco Central aponta que os produtos básicos registraram em janeiro alta de 4,05% ante dezembro de 2010, atingindo 164,65 pontos (em uma base 100). Em dezembro de 2010, o IC-BR tinha 158,25 pontos. No acumulado de 12 meses encerrados em janeiro, o IC-BR acumula alta de 33,55%. O IC-Br agrega os indicadores relativos aos segmentos Agropecuária, Metal e Energia.
De acordo com os números do BC, o aumento do IC-Br em janeiro foi influenciado pelo segmento agropecuário, formado por carne de boi, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café e carne de porco. Em janeiro, a maior alta ocorreu no IC-BR agropecuário que teve expansão de 4,44%, atingindo 186,99 pontos. No acumulado dos últimos 12 meses, esse indicador registra avanço de 47,96%.
"Temos uma pressão muito forte nos produtos agropecuários, um dos itens pesados foi o milho e soja, pela alta internacional do biodiesel e do consumo chinês. Cereais carne e boi e fibras foram o que mais pressionou a inflação", pontuou o diretor presidente da Fractal, Celso Grisi.
Segundo o diretor, a tendência é de alta para o ano inteiro, mesmo com o aumento da produção. O problema energético vai puxar muito, mas não ocupará o lugar do agronegócio.
"De janeiro para fevereiro a alta deverá ser de 2,5%."
No segmento de metais (composto por alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel), o crescimento no primeiro mês de 2011 em relação a dezembro de 2010 foi de 3,52% e marcou 154,34 pontos, já no acumulado de 12 meses a soma foi de 19,11%.
No caso do IC-Br Energia (petróleo, gás natural e carvão), o avanço foi de 3,40% no mês e marca 98,48 pontos. Entre fevereiro de 2010 e janeiro de 2011, o índice acumula alta de 12,47%.
"Energia quem forçou foi o petróleo e o carvão, por terem altas expressivas no mercado internacional. O inverno foi rigoroso no hemisfério norte, o que obrigou o uso de calefação, e não houve redução dos transportes. Além disso, teve a especulação do petróleo com a desvalorização do dólar e os problemas do Egito, que coloca em risco o transporte do produto, que ta batendo US$ 100", disse Grisi.
Para efeito de comparação, o Banco Central também publica a variação do índice CRB (Commodity Research Bureau), que não é calculado pela autoridade monetária e agrega uma série de commodities, não somente as produzidas pelo Brasil. O índice subiu 4,82% em janeiro, para 130,72 pontos. Em 12 meses, o CRB acumula alta de 17,92%.
O indicador mede a variação de preços das commodities nos mercados internacionais, o que é importante para a autoridade monetária avaliar a dinâmica da inflação doméstica.
"O IC-BR é bacana pelas repercussões das crises que envolvem as commodities, além de ter o controle de gerenciamento. É claro que muitas pessoas estabelecem a comparação com o CRD, mas eles não são muito comparáveis, pois os produtos de um não entram no outro, como é o caso do petróleo. Assim não há como comparar diretamente. Entretanto, a tendência de alta e baixa é semelhante", frisa Grisi.
O CRB, segundo o banco Central, é composto por carne de porco, carne de boi, banha, manteiga, óleo de soja, cacau, milho, trigo, açúcar, couro, sebo, sucata de cobre, sucata de chumbo, sucata de aço, zinco, estanho, tecidos, algodão, lã, resina e borracha.
Este resultado traz à tona uma preocupação constante do Banco Central sobre a forte influência dos preços das commodities sobre a inflação doméstica. No final do ano passado, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que há um risco externo e vem dos preços das commodities, o que demonstra que há sinais de que a inflação pode avançar em 2011.
Ainda naquela época, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao ser questionado sobre a possibilidade de o Banco Central subir a taxa básica de juros (Selic) para conter a pressão inflacionária, ele minimizou o problema. E disse que a questão é estrutural, pois "a inflação irá recuar tão logo as commodities e os preços dos alimentos diminuam". Contudo na última reunião do Copom a Selic teve alta de 0,5%.
Desta maneira, os preços das principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no exterior confirmaram as expectativas e permaneceram em patamares elevados em janeiro, ainda sustentados por demandas em geral firmes, dólar fraco e forte interesse de grandes fundos de investimentos nesses mercados.
As médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega de produtos referenciados ou na bolsa de Chicago (soja, milho e trigo) ou em Nova York (açúcar, algodão, cacau, café e suco de laranja) mostram que todos eles encerraram janeiro com ganhos em relação a dezembro - entre 3,57% (cacau) e 9,51% (algodão) - e que quase todos, exceto o cacau, apresentam valorizações em relação às médias de janeiro de 2010, entre 9,69% (açúcar) e 100,17% (algodão).

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