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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Uma lição política

União é a palavra de ordem
Em meio às discussões sobre o endividamento norte-americano, os ministros das finanças dos dois principais países da Zona do Euro publicam, no Financial Times, artigo afirmando que “o nosso plano vai salvar a Grécia e proteger a Europa". Assumem diante dos leitores o compromisso de defender o euro e de superar qualquer problema que venha a ocorrer.
O recado é claro. A Zona do Euro não está em liquidação. Vai recuperar-se e crescer. Nenhum país será deixado à margem do pensamento unificador.
François Baroin, à esquerda) e Wolfgang Schauble, abaixo, defendem no artigo o plano da União Europeia para estancar a crise do euro. Descrevem suas ações capazes de impedir a quebra da economia da Grécia e para resguardar a saúde das finanças da Europa.
Entendem que as medidas tomadas na última reunião europeia permitem à Grécia encontrar caminho para atingir níveis sustentáveis de crescimento e endividamento. “A Grécia pode tornar sua dívida sustentável no longo prazo se conseguir produzir algum crescimento econômico e reduzir o custo de sua dívida soberana”.
O compromisso e o apoio dos ministros da Rança e da Alemanha contrasta com as atitudes políticas dos Estados Unidos diante de problema similar. Ao destacar a participação do sistema privado na ajuda à Grécia, o artigo aponta que, os bancos privados vão “assumir perdas de 21% no plano e que comprometeram-se a estender os vencimentos das obrigações por 30 anos”, fornecendo tempo à Grécia para implantar as reformas e retomar um sólido crescimento econômico.
Apesar destas medidas, os ministros reconhecem que sozinhas “não serão suficientes para dissipar os riscos de contágio” e que serão necessárias outras decisões, como permitir que aos fundos da União Europeia -FEEF e MEEF- o direito de comprar dívidas soberanas. Tudo é discutido no grande colegiado europeu e decidido para a preservação institucional da unificação.
Também prometem analisar o papel das agências de “rating”, começando pelas questões de transparência, fiscalização e acabar com o número limitado de players no mercado. É de se lembrar que essas poucas agências atribuíram o "triple A" às dívidas empacotadas e distribuídas globalmente, e que acabaram revelando-se os maiores “micos” da história das finanças contemporâneas. Ganharam, e muito bem,  para isso. Voltaram à cena depois da catástrofe de 2008 com a justificativa de que suas notas são apenas opiniões sobre os fatos que analisam. Nenhuma agência foi fechada e ninguém foi preso até agora.
Baroin e Schauble prometem “não colocar em perigo a integração econômica e política da Europa, que é a base na nossa prosperidade”. Isto porque o “euro vale todos os esforços, na medida em que um euro estável melhora a economia bem como as perspectivas políticas como um todo”. Pode-se depreender que os ministros afastaram a hipótese de qualquer eventual Guerra da Secessão na região.
O artigo deixa um alerta final: “restaurar a confiança na zona euro vai requerer paciência, perseverança e visão. Nosso caminho é difícil, mas os riscos associados às alternativas seriam muito piores”.
Francamente, a reação norte-americana a sua própria dívida evidencia as razões de sua decadência.

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