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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Não é só o aumento das exportações. As arbitragens "puxam" o ACC

Crédito para exportação soma R$ 36,8 bilhões

Veículo: DCI - Data: 5 de julho de 2011-07-05
Jornalista: Marcelle Gutierrez
São Paulo - As exportações brasileiras bateram recorde no primeiro semestre de 2011, com valor de US$ 118,306 bilhões, parte da meta prevista para este ano, de US$ 245 bilhões. Ao mesmo tempo, a linha de crédito de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) mantém forte expansão. Além do aumento do volume das vendas externas, especialistas apontam o crescimento do segmento como consequência de elevadas taxas de juros, aumento da inadimplência e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o que beneficia os clientes de menor risco - no caso, as grandes empresas exportadoras.
De acordo com dados do Banco Central, o saldo total na modalidade ACC somou R$ 36,836 bilhões em maio de 2011, acréscimo de 8,2% ante abril, de R$ 34,044 bilhões. Na comparação com janeiro, de R$ 31,280, o crescimento chegou a 25,5%. No acumulado de 12 meses, a expansão foi de 23,7%. Para o BC, as operações de ACC possuem significativa participação nas carteiras para pessoas jurídicas com recursos externos, que elevaram 5,7% em maio e impulsionaram o acréscimo de 1,4% do saldo total para empresas, de R$ 586,7 bilhões.
O ACC se caracteriza como a principal linha o exportador e funciona como uma antecipação de recursos em moeda nacional (em reais), por conta de uma exportação a ser realizada no futuro. Para Celso Grisi, presidente do Instituto de Pesquisa Fractal, a queda das importações e o aumento das exportações impulsionam esse segmento. Há ainda os benefícios do mercado financeiro e a isenção do IOF. "Muitas empresas trocam as linhas de capital de giro por ACC e ACE [Adiantamento sobre Contrato de Câmbio], que é isento de IOF. De dois meses pra cá, pela isenção do IOF, ficou mais barato.
O especialista também ressaltou as operações conjuntas com a compra de dólar futuro pelas companhias, o que aumenta os rendimentos. "As empresas compram dólar futuro e casam com as linhas de crédito no exterior. Na prática, se aproveita do dólar futuro com cotação mais baixa do que à vista e pisa nas operações de arbitragem", pontuou Grisi.
Para o professor de Economia do curso de Administração da ESPM, José Eduardo Amato Balian, a elevação do ACC tem relação direta com o aumento do volume das exportações, em torno de 10%, por conta do alto preço das commodities. Em paralelo, há o maior critério das instituições financeiras na concessão de financiamentos. "Essa modalidade é a que tem mais segurança para os bancos, com menos risco por se tratar de grandes empresas com contratos de venda já fechados, e para o exportador, já que é mais barata."
Ao comparar as taxas de juros, as operações de ACC apresentam quedas nas taxas de aplicação desde julho de 2010, de 16,3% ao ano, maior já registrada nos últimos 12 meses, segundo o Banco Central. Em maio deste ano, a taxa anual ficou em 12,5%, redução de 2,4 pontos percentuais no ano e de 2,7 p.p. na comparação com maio do último ano.
O Banco do Brasil é o principal agente financiador em operações de ACC e ACE, com saldo no primeiro trimestre de 2011 de R$ 3,6 bilhões, crescimento de 9,09% ante o mesmo período de 2010, de R$ 3,3 bilhões.

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