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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Novos entrantes no sistema financeiro nacional

Entrada de bancos chineses vai causar
impacto no Brasil
Veículo: DCI -  Data: 22.11.11
O mercado brasileiro está cada vez mais atraente para bancos estrangeiros com o desenvolvimento da economia e a ascensão da renda. Os atuais interessados são os asiáticos, como a China e a Coreia do Sul, o que, para especialistas, deve elevar a competitividade no segmento de pessoas jurídicas, já que a taxa de captação de recursos nos países de origem é baixa, em torno de 1% a 3%, de acordo com o diretor presidente do Instituto de pesquisa Fractal, Celso Grisi. Outra justificativa está na taxa básica de juros, que na China é de 6,56% ao ano (a.a.), enquanto no Brasil a Selic está em 11,50% a.a.
De acordo com dados do Banco Central, até junho de 2011 o total de ativos do sistema financeiro chega a R$ 190,332 bilhões, dos quais R$ 71,767 bilhões corresponde aos bancos estrangeiros. O maior percentual está com os bancos alemães, R$ 8,643 bilhões, seguidos pelos demais europeus, R$ 53,858 bilhões, por norte-americanos, R$ 6,883 bilhões, e asiáticos, R$ 1,858 bilhões.
Contudo, a participação dos asiáticos tende a aumentar. Segundo o Financial Times, o China Construction Bank (CCB) divulgou ontem interesse em estabelecer uma base de operações no Brasil, declarou o vice-presidente da instituição, John Weinshank. O negócio já teria a aprovação do conselho de administração do CCB, com a criação de uma subsidiária. A instituição é a segunda maior do mundo em valor de mercado e somente no terceiro trimestre soma 11,772 trilhões de iuanes em ativos totais.
Segundo Celso Grisi, economista pela FEA-USP e diretor presidente do Instituto de Pesquisa Fractal, além do CCB há mais dois bancos chineses à espera da aprovação do Banco Central e entre três a quatro sul-coreanos. "O CCB já foi aprovado pelo Banco Central, há mais dois chineses e quatro coreanos."
O especialista explica que a entrada de instituições financeiras asiáticas deve movimentar o sistema bancário nacional. "Quem vem lá de fora traz funding captado entre 1% a 3% ao ano. Dessa forma, aumenta a competitividade porque entram com preços melhores, roubando um grande número e volume de clientes." Vale ressaltar que o spread bancário da China, a diferença entre a taxa de captação e a taxa de juros aplicada, é de 3,8% ao ano, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi).
Um dos mais afetados, na opinião de Grisi, será o HSBC, pois possui rede de agências na Ásia e atua de forma eficaz neste segmento no Brasil, além de impactos nos bancos alemães.
O presidente da agência classificadora de risco Austin Rating, Erivelto Rodrigues, acredita que a captação de recursos com baixas taxas no país de origem deve propiciar mais ganhos aos bancos. "Deve aproveitar o funding baixo para ganhar mais no Brasil." Rodrigues acrescenta que o potencial de crescimento brasileiro é elevado, junto com o aumento da balança comercial com a China. "Começam com trade finance [crédito à exportação] e depois migram para o corporativo."
Aproveitar os negócios entre empresas brasileiras e chinesas também é a justificativa apontada pelo economista Celso Grisi. "A ideia é que entrem no mercado de pessoa jurídica com as empresas que possuem negócios por aqui e com as companhias brasileiras que exportam para a China."
Segundo Grisi, após o primeiro passo os bancos entram na cadeia produtiva com o financiamento e, assim, partem para serviços para pessoa física. "Começam com administração de fortunas - private banking- de empresários e chineses no Brasil."
A estratégia de entrada no mercado nacional deve ocorrer por meio de parcerias ou aquisições de instituições de pequeno e médio porte que necessitam de capitalização. A primeira, aponta Grisi, seria a alternativa mais rápida e segura, pois entram com o capital e adquirem conhecimento. "Há bancos que gostariam de receber aporte dos chineses com participação acionária. Quem pode ver com bons olhos isso é o Safra, por exemplo."
Já a compra deve ocorrer com instituições com problemas financeiros ou de adaptação às regras de capitalização. "Paraná Banco, Daycoval, Indusval, BMG, Fibra e Cruzeiro do Sul são exemplos de bancos que podem estar na mira para a compra, parceria ou a realização de uma joint venture", ressalta o diretor-presidente do Instituto de pesquisa Fractal, Celso Grisi.
Expectativas
O economista da FEA-USP acredita que deve aumentar ainda mais o número de instituições financeiras vindo ao Brasil. "Vão transformar a estrutura bancária. Em seguida vem as seguradoras, bancos de investimento, empresas para operações na bolsa de Xangai etc."
Apesar de não acreditar em um aumento da competitividade no mercado, já que o Brasil possui grandes companhias, o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, aposta em novos bancos para os próximos anos. "A indústria bancária vai propiciar a entrada de mais estrangeiros e os que já atuam aqui vão tentar aumentar a participação."

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