Banner

Translate

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Obama "do meio pro fim"

EUA:Obama deve continuar a enfrentar dificuldades de diálogo c/republicanos
Veículo:  Agência Leia   -   Data:  10/12/10
Juliana Santos / Agência Leia 
EUA:Obama deve continuar a enfrentar dificuldades de diálogo c/republicanos
São Paulo, 10 de dezembro de 2010 - Ao completar a metade de seu mandato,o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, contabilizou conquistas importantes como a aprovação da reforma de saúde e o pacote financeiro de mais de US$ 700 bilhões. Mas a perda da popularidade do líder norte-americano, refletida em fatores econômicos que culminaram com a vitória dos republicanos nas eleições parlamentares sinaliza de que os próximos anos serão de muita dificuldade de negociação. 
O cientista político e professor de Relações Internacionais na ESPM, Heni Ozi Cukier, avalia que os dois primeiros anos de Obama foram politicamente "um balde de água fria" para a população. "Em certo ponto, foi um fracasso político, porque ele não cumpriu o que prometeu, se mostrou um líder não capaz de dialogar, de trazer o bipartidarismo à mesa. Ele gastou muito capital político com a reforma da saúde e não conseguiu apoio popular. 
Para o especialista, mesmo que a situação do país estivesse muito crítica quando Barack Obama assumiu, ele não mostrou como presidente a mesma liderança que tinha como candidato. "Ele não se adequou à posição de presidente, não sabe se impor, e de certa maneira, tem se mostrado submisso a outras instituições", disse Cukier. 
Na política externa, Obama tem mais poder, e o Congresso como um todo tem 
menos capacidade de influir, e é por esse caminho que ele pode tentar a reeleição, segundo o professor. "Nos dois últimos anos, o foco dos problemas do país era externo. Agora o foco é na economia doméstica. Se ele conseguir desviar a atenção e transformar o problema em externo seria difícil de os republicanos se oporem a uma ação de um presidente mais pacifista. 
Politicamente seria uma grande jogada, uma grande saída. Ele ganharia uma exposição positiva, e isso poderia levá-lo a reeleição. Se ele se direcionar na questão interna, vai depender da resposta da economia", disse Cukier. 
O professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Anhembi-Morumbi, João Alberto Alves Amorim, observa que a dificuldade de diálogo inviabilizar o governo daqui em diante, colocando a governabilidade em risco. 
"Serão dois anos difíceis, alguns frutos que foram semeados serão colhidos, a economia vai apresentar sinais mais sólidos e mais visíveis de recuperação. Na área internacional, a mudança de postura em relação ao governo anterior terá melhor resultado", disse. "Por outro lado, haverá uma grande expectativa de que o governo consiga de fato consolidar o sistema de saúde, aumentar a geração de empregos, e atuar no crescimento econômico", completou. 
Amorim avalia os dois primeiros anos como positivos, mas ainda há muita coisa a fazer que ainda é inviável em função do tamanho do prejuízo causado pela gestão do presidente George W. Bush. "Quando é feita uma análise aprofundada, se torna compreensível as dificuldades, dado o tamanho do rombo do déficit social e do déficit econômico gerado pela gestão Bush, sem contar os danos da imagem e diplomacia, o que Obama vem conseguindo recuperar". 
O economista Celso Grisi, presidente do instituto de pesquisa de mercado Fractal e professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Instituto de Administração (FIA), afirma que a tentativa de tirar os Estados Unidos da crise não foi uma aventura bem-sucedida de Obama. "Ele se atrapalhou, e com isso chegamos a uma situação delicada para o ano que vem, pois os Estados Unidos têm um déficit fiscal imenso, e a tendência é que continue crescendo". Além disso, Grisi sublinha que uma desaceleração na China prejudicará o país norte-americano, sobretudo a política de câmbio. Consequentemente, Obama vai conviver com dívidas muito grandes e vai ter uma grande pressão do Congresso para aprovação do orçamento. "O país vai ter problema com inflação, pressionado por commodities que estão em alta. O sistema financeiro ainda está muito retraído, o problema da regulamentação do setor financeiro ainda não foi resolvido, além da necessidade imensa para aumentar os emprego". 
O doutor em direito internacional pela Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Felipe Matias, sócio da L.O. Baptista Advogados Associados, nota que um Congresso desfavorável vai aumentar ainda mais a pressão contra os democratas. "Obama assumiu o país em um momento delicado, e logo depois houve as reuniões do G-20 [grupo que reúne as economias mais industrializadas e países emergentes] que decidiram injetar dinheiro na economia mundial. Ele teve papel importante nestas decisões, mas não foi suficiente. Os Estados Unidos estão demorando para sair da crise, e isso teve custo político. Obama vai tentar mostrar que os Estados Unidos passaram pela crise, que estão se recuperando lentamente". No que se refere a liderança internacional, Obama tinha um capital enorme de popularidade no mundo inteiro e não usou nas questões de aprovações de projetos climáticos, de acordo com Matias. "Ele não conseguiu convencer nem mesmo os Estados Unidos de que o país tem uma contribuição relevante para o mundo caminhar para uma economia verde. Não teve aprovação interna e enfraqueceu as discussões deste setor. Não deu certo na cúpula de Copenhague (Dinamarca), agora tem Cancun (México), e os Estados Unidos não têm condições para colocar na mesa uma proposta mais ousada. Nesse ponto foi decepcionante, ele tinha condições e apoio para exercer".

Nenhum comentário:

Postar um comentário