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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Selic ainda pode subir nesse ano

Mercado prevê que Copom vai elevar
juro básico para 11%
Veículo: DCI - 3/12/2010 - Karina Nappi
SÃO PAULO - A aposta de alta da taxa Selic no curto prazo segue firme no mercado futuros de juros, adicionando prêmios às taxas projetadas pelos contratos futuros de depósito interfinanceiro (DI) negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Os ajustes de alta são maiores nos contratos de DI que vencem em 2011, mas abrangem também vencimentos futuros de DI até 2014.
Nem mesmo um desempenho menor que o esperado para a produção industrial brasileira em outubro e uma desaceleração da inflação na capital paulista medida pelo IPC-Fipe em novembro tiveram força para frear o avanço dos juros futuros de ontem.
Segundo um operador, na dúvida se o momento de ajuste da taxa é dezembro ou janeiro, os agentes antecipam nas curvas dos DI futuros um ajuste de 0,25 ponto percentual à taxa básica, o que a levaria a 11% ao ano.
Ao término da negociação normal na BM&F, entre os contratos de vencimento mais curtos, o DI de janeiro de 2011 projetava taxa de 10,839% ao ano, de 10,77% no ajuste de ontem, com 893.215 contratos negociados ontem; o DI de abril de 2011 avançava para 11,36% ao ano, de 11,21% ontem, com 236.815 contratos negociados; o DI de janeiro de 2012 marcava projeção de 12,24% ao ano, de 12,13% ontem, com 356.515 contratos negociados. Na divisão de longos e curtos, o DI de janeiro de 2013 subia a 12,36% ao ano, de 12,29% ontem, com 156.405 contratos negociados.
Entre os contratos longos, o DI de janeiro de 2014 avançava para 12,20% ao ano, de 12,14% no ajuste de ontem; mas o DI de janeiro de 2017 já cedia para 11,98% ao ano, de 12,01% ontem; e o DI de janeiro 2021 caía para 12,01% ao ano, de 12,03%.
A retomada da alta dos juros - Selic - pode ter início na última reunião do ano, que acontece nos dias 7 e 8 de dezembro. De acordo com informações, a presidente eleita Dilma Rousseff já está preparada para endossar a retomada da alta dos juros e não descarta que isso aconteça ainda em dezembro, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
A presidente eleita e sua equipe acreditam que o início de um novo ciclo de aperto monetário será seu primeiro grande teste na área econômica.
Nas últimas três reuniões, a Selic é mantida em 10,75% ao ano pelo Banco Central (BC), mas declarações recentes da autoridade monetária ajudaram a alinhar cada vez mais as expectativas de que nova elevação está prestes a ocorrer, entre dezembro e janeiro.
O diretor presidente da RC Consultores, Paulo Rabello de Castro, acredita que o Copom eleve a taxa básica de juros já na próxima reunião.
Na avaliação dele, seria uma sinalização importante para que o BC "mantenha a moral", visto o aumento dos índices que medem a inflação, pressionada pelo preço dos alimentos.
"Eu sou daqueles que mais duramente combateu a utilização da taxa de juros para segurar e frear a demanda dos consumidores. Acho, inclusive, que isso é uma injustiça, porque quem tem de frear sua própria demanda e o excesso de seu próprio gasto é o governo, que gasta demais. Só que há momentos como este em que a inflação realmente está crepitando. E é necessário agir imediatamente", afirmou Castro.
"As expectativas para a inflação neste e no próximo ano apresentaram consideráveis elevações desde a última reunião do Copom, estando bastante acima do centro da meta. De fato, os últimos resultados de inflação foram determinantes para elevar as expectativas, entretanto, um aumento dos juros poderia contribuir para evitar novos aumentos nas projeções de mercado", aponta a análise da Rosenberg Consultores Associados.
"A função de reação continua indicando que a taxa de juros deveria ser elevada. Além disso, houve elevação da taxa esperada pela curva de Taylor desde a última reunião. Após as tergiversações a respeito do impacto das dúvidas sobre os problemas do PanAmericano sobre as decisões de juros, a necessidade de elevação da Selic torna-se premente. As incertezas sobre o cenário externo ainda podem adiá-la por algum tempo, mas vão ganhando corpo as apostas em alta já no início do próximo ano. Embora nosso cenário principal não seja de alta nesta reunião, há uma probabilidade, ainda que pequena, de que o Copom decida iniciar o mais rapidamente possível a trajetória de ajuste que parece tornar-se inevitável", mostra o documento da Rosenberg.
De acordo com o diretor da Fractal, Celso Grisi, na próxima semana o Copom deverá elevar a Selic em 0,5%, com isso a taxa passará a ser de 11,25% ao ano já em 2010. "O que nós temos ouvido é que o Meirelles não será omisso. A inflação crescente pede providências e por isso deverá elevar a Selic para segurar a inflação. Mas o nosso principal problema hoje é o aumento das importações, que afetou o crescimento das indústrias, o nível de emprego, entre outros. Subir taxa de juros é uma perda de tempo, é ineficaz, deveríamos reduzir o número de financiamentos e contingenciar o crédito", disse.

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