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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Contas públicas fora de lugar prejudicam o crescimento

Brasil crescerá menos em 2011

Veículo: Jornal da Tarde - Data: 23 de dezembro de 2010
O comércio é um dos setores mais afetados pela redução da velocidade de crescimento da economia (Foto: Filipe Araujo/AE – 19/12/2010)
MARCOS BURGHI
O Brasil vai crescer em ritmo mais lento em 2011. O Banco Central (BC) projeta expansão de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) — soma de tudo o que é produzido no País — no ano que vem. A previsão consta do relatório trimestral de inflação divulgado ontem pelo BC. A redução da velocidade da economia terá reflexo direto sobre mercado de trabalho, crédito e atividade das empresas.
Celso Grisi, professor de finanças da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), diz que o PIB previsto para 2011 está mais adequado às condições atuais da economia nacional.
É consenso entre economistas que o País não tem, hoje, condições de sustentar o ritmo de crescimento atual (o PIB de 2010 deve avançar 7,3%) sem perder o controle da inflação. Com a infraestrutura que temos hoje, o ponto de equilíbrio está em 5%.
Segundo Grisi, se a União não reduzir seus gastos, terá de aumentar os juros para continuar se financiando. E crédito mais caro, acrescenta o professor, reduz o ritmo da economia, afeta consumidores e empresas, com menor criação de postos de trabalho. “O governo precisa botar as contas no lugar”, diz Grisi.
Ele avalia que caso o governo faça cortes nos investimentos aumentará ainda mais o problema porque aos gastos excessivos se juntarão os gargalos em infraestrutura, que resultam, por exemplo, em dificuldades no transporte aéreo e rodoviário.
A preocupação de Grisi se justifica. Apesar do discurso da presidente eleita Dilma Rousseff quanto ao corte de gastos de manutenção da máquina administrativa a partir de 2011, a proposta de Orçamento para o ano que vem, enviada para votação no Congresso Nacional, prevê corte de R$ 3 bilhões em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ou seja, em investimentos.
Para Grisi, o PIB na casa dos 4,5% vai esfriar o crescimento do emprego e o nível de desemprego poderia fechar 2011 em torno de 8%, ante atuais 5,7%, segundo a mais recente medição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativa a outubro.
O professor explica que o aumento do desemprego leva a dificuldades com a renda, o que compromete o consumo e afeta o resultado do comércio, da indústria e do setor de serviços. “No setor produtivo, micro e pequenos empresários são os que sentem primeiro o peso dos juros e da queda nas vendas”, observa Grisi.
Tharcisio Souza Santos, diretor da faculdade de administração da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), reforça que, nas atuais condições, se o País crescer acima de 5% começa a ocorrer pressão de alta sobre os preços por causa da falta de investimentos em infraestrutura.
De acordo com números do BC, a expectativa para 2010 é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, termine o ano em 5,8%, sendo que a meta definida pelo Planalto para 2010 é de 4,5%.

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