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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Previsões. Um eterno dilema

“Existem formas mais prazerosas de destruir minha reputação do que fazer previsões sobre o comportamento futuro da taxa de câmbio”
Frase atribuída ao Professor Delfim Netto,
durante Congresso de Bancos, em Campos de Jordão, esse ano.
De fato não fui a esse congresso bancário e também nem sei se o Prof. Delfim teria realmente feito essa afirmativa. Entretanto, Brasil é Brasil e “si non è vero, è bene trovato”.
O fato é que já tem saído algumas previsões para 2.011. Entre as que mais me impressionam, uma, certamente, costuma apresentar as maiores discrepâncias em relação à realidade posterior. Refere-se ao comportamento possível para o Ibovespa. No final de 2009, um analista chegou a prever que o Ibovespa alcançasse, no final desse ano, os 200.000 pontos. Outro, mais modesto, arriscou apenas os 120.000 pontos. Talvez esses erros possam ser imputados ao excesso de entusiasmo com desempenhos anteriores, ocorridos em prazos bastante curtos. Se aceitarmos essa hipótese, ainda que de forma provisória, ficamos poupados de deselegância de classificá-los entre os “videntes financeiros”, pouco hábeis em habilidades preditivas.
Seja como for, boas corretoras lançaram nesses últimos dias suas previsões, que vão dos 75 aos 89 mil pontos, para o final de 2011. Todas tentando, nos exercícios de construção de cenários, chegar muito perto do número real. Gostaria de sugerir a todos que militamos nesse campo, incerto e pantanoso em que se constitui o futuro, a abandonar seus compromissos com a precisão. Tenho aconselhado a construção de três cenários alternativos que pudessem nos fornecer valores máximos e mínimos para o comportamento da variável em estudo. Dessa forma, ofereceríamos ao mercado um intervalo dentro do qual a realidade futura pudesse, de fato, se alojar mais confortavelmente.
Alguns fatores podem impactar mais fortemente a bolsa: juros, demanda internacional, fluxo de investimentos externos diretos, nível de renda, do consumo, do crescimento nacional, etc., etc., etc..
Que tal construirmos um primeiro cenário mais conservador, um outro mais agressivo e, por fim, um intermediário, para localizarmos possibilidades mínimas e máximas para as variáveis estudadas? Com base nisso, estimaríamos valores para os índices estudados, em outro intervalo de amplitude correspondente às variações previstas.
Teríamos todos conhecidos os valores prováveis e as hipóteses que lhes deram causa. Um desvio desse intervalo seria tido como uma imprevisibilidade ocorrida e entendida à luz das rupturas com as hipóteses subjacentes à modelagem.
Talvez errássemos menos ou, pelo menos, daríamos melhores explicações aos nossos erros. Como lembra o conselho embutido na frase atribuída ao ex-ministro, mas eterno professor: nossa reputação estaria menos arranhada, embora nosso prazer continuasse relegado ao esquecimento.

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