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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Consumidor cria juizo

Crédito, consumo e crescimento
A curva ascendente da inflação durante um período relativamente longo desse ano, com um pico no terceiro trimestre, destruiu boa parte da capacidade de compra dos consumidores e, portanto, das famílias. O resultado mais evidente pode ser encontrado na redução do nível de atividade do varejo em outubro e novembro. A inflação chegou a afastar-se muito do centro da meta, tendo alcançado em certo momento 7,3% ao ano e provocando justificadas inquietudes ao setor privado da economia, particularmente aos investidores internacionais. O governo viu-se forçado a tomar medidas mais fortes para a contenção do ritmo de alta dos preços.
De forma gradualista, o governo venceu a inflação. Tudo aconteceu lentamente, deixando no rastro de suas medidas, os orçamentos das famílias comprimidos. O consumidor, receoso, recuou. Assumiu estratégia claramente defensiva, mesmo diante da perspectiva de um imprudente aumento de salário mínimo, projetado em 14,7%. Isso, somado à queda recente da inflação, sugere a muitos que as famílias voltem ao consumo e, oxalá, assim o seja.
Não creio nisso. Vejo o consumidor endividado. O Relatório sobre o Crédito, publicado pelo Banco central, aponta  para a intensificação do uso de cartões de crédito e cheques especiais, as modalidades de empréstimos com os mais altos custos, em função das taxas cobradas. Isso produziu novas e maiores pressões sobre o  do serviço da dívida do tomador. A inadimplência, provavelmente por essa razão, tenha alcançado 7,3% entre as  pessoas físicas.
Tudo parece reforçado pelos números  do Relatório
Bacen que indica uma redução nos volumes dessas duas modalidades de crédito e sua substituição pelo crédito pessoal, cujo volume aumentou, revelando uma busca deliberada do consumidor pela redução de seus encargos, no esforço de recuperar o poder de compra de seus rendimentos.
O mês de dezembro, tradicionalmente eufórico, não terá o desempenho de anos anteriores. O varejo já está acusando o golpe com as mais recentes projeções. O Natal será apenas bom, mas não excelente, talvez se aproxime, em termos reais, dos resultados do ano anterior, confirmando a tese da cautela defensiva nos gastos das famílias.
Os dados de novembro do Caged, sobre criação de postos de trabalhos formais, dão apoio às decisões do consumidor.
Se esse entendimento estiver certo, o PIB do primeiro trimestre de 2012 deve crescer modestamente, confirmando que a desaceleração que estamos assistindo é um fenômeno decorrente do vigor das medidas governamentais e de seu gradualismo, talvez, excessivos.

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