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domingo, 3 de outubro de 2010

Não pode ficar embrulhado para presente

É urgente alterar a política cambial
O dólar comercial caiu pela terceira vez consecutiva e encerrou a sexta-feira, cotado R$ 1,681, para venda. Na semana, a queda acumulada foi de 1,75%. Não há governo que consiga deter sua moeda, quando o mercado resolve atacá-la. As reservas são muito menores que a disposição dos especuladores. Especuladores são suficientemente inconscientes para as aventuras que a ganância individual sugere. A crise financeira mundial de 2008 é o melhor exemplo dessa inconsciência.
O Banco Central entrou no mercado cambial duas vezes, nessa sexta-feira. Foi em vão. O crescimento nacional e o otimismo reinante na economia apontam para o país como uma boa opção para investimentos. Não bastasse isso, a taxa de juros, que já está alta, começa a sofrer novas pressões inflacionárias. Alguns analistas já acham inevitável que a Selic volte a subir. Os investidores comemoram o sucesso de suas arbitragens. Agrava a situação o desempenho do dólar em relação a outras moedas fortes. É o que o ministro Mantega chamou de “guerra cambial”. O euro alcançou o pico de US$ 1,376, no último dia dessa semana.

Ajudado pelos preços das commodities, o resultado da balança comercial de setembro é, ironicamente, positivo, segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Exportações superam importações em US$ 1,093 bilhão e o superávit comercial acumulado, em 2010, “fura” todas as previsões,atingindo US$ 12,8 bilhões. O governo comemora. Vê reforçada a tese de que a desvalorização do dólar, ainda que excessiva, contribui para estimular a competitividade nacional, ao provocar a necessidade de maior produtividade econômica. Os mercados futuros também sinalizam para a continuidade do processo de sobrevalorização da moeda nacional.
Duas vozes, dentro do governo, parecem não concordar com o mercado. O presidente do Banco Central e o ministro da Fazenda. Aguardem. Deve vir “chumbo grosso” nas espingardas dessas duas autoridades. Parece já haver, entre eles, o entendimento sobre o aumento do IOF. Pessoalmente, penso que o valor do IOF vai dobrar de 2 para 4%. Penso ainda que o juros poderiam cair 0,5 pontos percentuais e o crédito poderia sofrer um contingenciamento seletivo. Haveria maior estimulo aos investimentos, redução das pressões inflacionárias, ampliação do emprego via exportações e, finalmente, um ajuste das taxas de crescimento do PIB ao verdadeiro potencial de crescimento da economia nacional.
Em outras palavras, problemas como esse, não podem ficar embrulhados para presente. Há urgência em resolvê-los.

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