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terça-feira, 12 de outubro de 2010

A semana que passou

O baixo crescimento da economia norte-americana segura a recuperação mundial
Nos Estados Unidos, todos os indicadores ficam abaixo das expectativas dos analistas. A informação mais aguardada era a que viria com Employment Report, de setembro. Veio. Apontou o fechamento de 95 mil postos de trabalho, frustrando o mercado que esperava uma estabilização nesse indicador. O desemprego manteve-se em 9,6% no mesmo mês. De forma consistente, outros indicadores também decepcionaram: volume de crédito ao consumo no mês de agosto, volume de encomendas à indústria, de setembro, e o número de pedidos de auxílio desemprego da última semana de setembro.
Para piorar vem o FMI com suas previsões acerca do crescimento da economia norte-americana e joga “um balde de água fria” nas expectativas dos agentes. O Fundo afirma que o crescimento, em 2010, será de 2,6%, reduzindo a previsão anterior, de julho, de 3,3%.
Depois de tantas notícias ruins, veio uma boa: o mercado imobiliário ensaiou uma reação, oferecendo dados sobre o número de contratos de compra e venda de casa maior que o esperado, em setembro. Dá para acreditar, que justo esse setor tenha reagido em meio a um desempenho medíocre de toda a economia? Ao mesmo tempo, o setor de serviços apontou também algum crescimento. Essas notícias fazem crer que nem tudo ainda está perdido para 2010. Talvez possa haver uma aceleração, mesmo que discreta, pela proximidade das festas de final de ano. Vamos aguardar mais um pouco.
A Europa mantém-se em luta contra a recessão. O Banco Central da Inglaterra anunciou que não vai subir sua taxa básica de juros. Estará mantida em 0,5%. Também o Banco Central Europeu antecipou a manutenção das taxas atuais de 1,0%, como tentativa de estimular o crédito e o consumo. A exceção de sempre é a Alemanha que volta a anunciar crescimento de 1,7% em sua produção industrial, de setembro. De resto, a Europa continua com países “na alça de mira” das agências de classificação de riscos. É o caso principalmente da Irlanda, Grécia e Portugal.
Na Ásia o Yuan não se mexe e o Japão reduziu sua taxa de juros para zero por cento. A tentativa é a de evitar novas altas do iene, em meio à guerra comercial e cambial que o rescaldo da crise financeira provocou.
No Brasil, “terra abençoada por Deus e bonita por natureza”, o Ibovespa fechou a semana aos 71.283 pontos, mostrando a vitalidade da economia e o otimismo reinante entre os agentes econômicos. A alta semanal foi de 0,83%, resistindo às volatilidades internacionais. Nem mesmo o risco Brasil ressentiu das desgraças que assolam a vida financeira global. Queda de 4 pontos-base, situando-se, na sexta-feira que passou. em 197 pontos. Em linha com o desempenho do risco-País, o Global 40, ficou cotado a 139,76 centavos de dólar, em alta de 0,14% no encerramento da semana. Esse desempenho foi claramente ajudado pelas previsões do FMI, que no caso brasileiro, trouxe uma expectativa de crescimento 7,5%, para 2010.
Outros eventos, entretanto, sugerem prudência:
• Relatório Focus da semana anterior trouxe previsão de crescimento ainda maior que as previsões anteriores, pondo em risco o comportamento dos preços futuros.
• Pesquisa do Dieese mostra tendências de alta de preços na cesta básica.
• IBGE aponta recuo na produção física da indústria, de julho em relação a agosto, em boa parte das regiões estudadas.
• IPCA e INPC estão em alta. INCC também.
• Emprego ainda em crescimento, em agosto.
• Folha de pagamento dos trabalhadores na indústria continua a subir.
• Câmbio chega a ponto crítico, fechando a semana em R$ 1,667, correspondendo à uma queda, na semana, de 0,83%.

O Conselho Monetário Nacional aprovou medida complementar à que instituiu a elevação do IOF.
Investidores estrangeiros não consiguirão esquivar-se do imposto. A menos das operações com derivativos, o investidor estrangeiro que transferir recursos das operações financeiras de aplicações com renda variável, quer na bolsa de Valores, quer na de Mercadorias e Futuros, ficará sujeito a uma regra de câmbio simultâneo. Assim, aplicações iniciadas na bolsa de valores que forem transferidas para a renda fixa estarão sujeitas à alíquota de 4%.

Trata-se de luta desigual. Dificilmente conseguiremos segurar o dólar se não fizermos alterações estruturais na economia nacional.
Mas, deixando isso de lado, foi uma semana até que muito razoável para o investidor, aqui no Brasil.

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