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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Contas públicas brasileiras agora sob lupa dos estrangeiros

Investidores identificam a questão
fiscal como um divisor de águas
Nesses primeiro20 dias pela Europa, entre Portugal, Espanha, França, Suíça e Inglaterra, ouvi os comentários de investidores e bancos. São uníssonos: gastos públicos.
De certa forma, a preocupação reproduz muito dos seus próprios desmandos e da perda da dimensão moral em que estiveram envolvidos, ora como agentes, ora como pacientes.
Problemas morais europeus não importam muito para fins dos influxos monetários brasileiros. Há um entusiasmo generalizado com o crescimento brasileiro. Esse otimismo se rivaliza com o temor da ampliação dos gastos públicos, que poria em risco a estabilidade monetária. A dicotomia atual entre a política monetária e fiscal é a grande vilã. Já não se aceita que apenas os juros venham a crescer. Espera-se pela redução das despesas, entendidas como muito altas, sobretudo em relação ao funcionalismo federal.

Esse é o clima. Todos estão marcados pelo bom crescimento interno, pelo aumento da massa salarial, da renda e do consumo das famílias, pelas oportunidades aproveitadas na Ásia e nos mercados emergentes, de maneira geral e, finalmente, pelos preços internacionais das commodities exportadas pelo Brasil.
Ao mesmo tempo, as preocupações centram-se nos gastos públicos e nos investimentos que vêem aumentando mais rapidamente que a receita federal, comprometendo o superávit primário, bem abaixo dos 3,3 do produto bruto, fixado para 2010. O próprio potencial de crescimento do crédito, outro fator de grande atratividade no Brasil, só poderá tornar-se realidade se a política fiscal tornar-se verdadeiramente austera. Sem esse requisito, a estabilidade monetária poderia estar em risco, ainda mais se consideradas a liquidez que os grandes eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas trarão ao Brasil.
Há também o reconhecimento de que as taxas de juros precisariam cair para incentivar a recuperação do investimento nacional privado e, por fim, a necessidade de um ajuste cambial capaz e restituir a competitividade ao parque produtor nacional.
Como se vê, a Europa já entendeu, em profundidade, as principais questões econômicas nacionais e manda seu recado aos administradores de nossa economia. Mais do que nada, será preciso reconciliar o Ministério da Fazenda e o Banco Central, definindo rumos mais claros para a lição de casa que falta fazer.

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