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sexta-feira, 5 de março de 2010

Conta corrente, o novo problema

Mercado refaz suas contas e chega
a US$ 50,0 bilhões de déficit
Fechamos 2009 com déficit em conta corrente de US$ 24,3 bilhões. 2008 tinha sido pior, com déficit de US$ 28,2 bilhões. Para esse ano o mercado refez suas contas e a partir de agora tem projetado um déficit de US$ 50,0 bilhões. Coisa de gente grande!
As explicações para isso podem ser encontradas em aspectos positivos da vida econômica. Internamente, o forte crescimento nacional exige um aumento considerável na importação de máquinas e equipamentos. No plano externo, os Estados Unidos iniciam a suspensão das medidas que visavam combater a recente crise de liquidez. O dólar passou a valorizar-se muito rapidamente, ajudado pela crise das dívidas européias. Os fluxos de capitais começam a inverter suas direções. Cresce a percepção de risco em relação aos emergentes e o dinheiro vai buscar abrigo nas economias desenvolvidas. O governo federal imagina que vá precisar de US$ 40,0 bilhões de poupança externa para financiar os déficits das transações correntes.
Até o momento, os investimentos externos diretos, atraídos pelos bons fundamentos econômicos do país e pela força do mercado interno, têm fluído para cá em volumes consideráveis e, com isso, possibilitado a cobertura dos déficits em conta corrente, garantindo resultados positivos ao nosso balanço de pagamentos.
As coisas começaram a mudar em janeiro. O IED de US$ 788 milhões não conseguiu dar conta desse recado. Já há cinco meses que o país precisa contar com outros recursos sustentados pelo câmbio financeiro para fechar suas contas nos azul. São recursos provenientes de aplicações feitas no país pelo investidor estrangeiro. O resultado disso tudo é que, considerados os últimos 12 meses, o déficit em conta corrente de US$ 25,o bilhões ultrapassou em US$ 200,0 milhões o IED que, no mesmo período foi de US$ 24,8 bilhões.
Agora o governo se apressa em tomar medidas para estimular nossas exportações. A APEX Brasil já toma providências no quadro da emergência que a situação sugere. Pena que só agora. Pena que não venham acompanhadas da articulação das políticas públicas. Pena não prevejam a construção de política industrial mais consistente. Pena que vejam, no aumento das tarifas (sapatos importados da China é o exemplo de hoje) e na retomada de medidas defensivas, a solução do problema. Solução pautada pelo imediatismo das decisões e pela improvisação de ações não integradas.
O governo foi muito avisado disso tudo. A unanimidade das classes produtoras protestou, durante longos anos, contra a política do câmbio baixo e dos juros altos. Foi inútil. Nadava-se nas piscinas da glória, abastecidas pelas águas cristalinas das aprovações populares. Agora, depois de um forte processo de desindustrialização, de perda de produtividade e da construção de uma economia suportada por commodities, temos um preço a pagar. É alto? Talvez não seja.

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