Banner

Translate

sexta-feira, 5 de março de 2010

Capitais brasileiros no exterior

Dispara investimento brasileiro no exterior
Veículo: DCI    -    Data: 05/03/10   -   Fernanda Bompan
SÃO PAULO - Dados recentes do Banco Central (BC) revelam que os investimentos brasileiros diretos no exterior passaram de pouco mais de US$ 200 milhões em janeiro de 2009 para US$ 1,2 bilhão no primeiro mês de 2010. Paralelo a isso, uma das novidades neste início de ano é que os Estados Unidos passaram de principal destino desse investimento para o quarto, dando lugar para os Países Baixos (Holanda), Dinamarca e Chile.
Segundo dados de janeiro deste ano do BC, os envios à Holanda representam 57% (US$ 706 milhões) do total de 2010 (US$ 1,238 bilhão), enquanto que no ano passado, o percentual era de 5,5% (US$ 428 milhões). Da mesma forma, o encaminhamento à Dinamarca, cujo valor era inexpressivo em 2009 (0,7% ou US$ 56 milhões), neste ano subiu para 14,5% ou US$ 180 milhões. Para especialistas não há uma razão clara para o aumento, mas segundo representantes dos países, as relações bilaterais com o Brasil avançam cada vez mais.
De acordo com o secretário executivo da Câmara Comercial Brasil-Dinamarca (Danchamb), Lauritz Stræde Hansen, a ampliação das exportações brasileiras para o país, passando de apenas comercializar commodities ou produtos "simples" como roupas, para a venda de produtos tecnológicos, provenientes das indústrias têxteis, química e farmacêutica, principalmente, fez com que os brasileiros quisessem investir mais nesse setor na Dinamarca. "Além disso, o Brasil estaria promovendo incentivos fiscais para brasileiros que pretendem investir na Europa", diz.
Dados pesquisados pela Embaixada dinamarquesa apontam que entre 1996 e 2007, as exportações brasileiras totais aumentaram de US$ 40 bilhões para aproximadamente US$ 122 bilhões. Paralelo a isso, a venda de produtos sofisticados cresceu de 5% a 8%, enquanto que para as exportações tradicionais houve queda de 43% para 36%, no período.
Institutos de apoio ao investimento na Dinamarca propagam que parcerias de empresas dinamarquesas podem ser úteis para as brasileiras, pois há a possibilidade de acesso ao mercado de 350 milhões de pessoas da União Europeia, de que o país é membro. Além de que, de acordo com a World Competitiveness Report (Fórum Econômico Mundial), a Dinamarca é vista como um dos 10 maiores países comerciais e econômicos do mundo.Já o aumento dos investimentos brasileiros diretos na Holanda não tem uma característica própria para a maioria dos economistas consultados. Procurados, a Embaixada dos Países Baixos, o Consulado Geral holandês em São Paulo e a Câmara Comercial não puderam se manifestar até o fechamento desta edição.
O professor da Fia e diretor presidente da Fractal, Celso Grisi, acredita que os investimentos naqueles país possam ser mais caracterizados por um movimento comum que grandes empresas brasileiras e milionários promovem. "Remessas de repatriamento, empréstimos e distribuição de dividendos às matrizes na Holanda são frequentes. Mas não há uma justificativa de alta para esse país", entende Grisi.
Entre as empresas que estariam interessadas em aumentar seus investimentos no país europeu estaria o Grupo Votorantim, que já investiu, em 2008, em um entreposto marítimo localizado em Antuérpia, na Bélgica.
O professor do curso de Administração da ESPM, José Eduardo Balian, concorda com Grisi. Para ele, o destaque tanto para a Holanda quanto para a Dinamarca, com relação ao interesse de brasileiros nesses países, não é consistente. "O agronegócio tem maior influência nesses dados de investimento [brasileiro]. Várias empresas aplicam no exterior nessa área, o que pode ser destaque também na Dinamarca e na Holanda. Entretanto, não revela o motivo de aumento. O estudo para isso precisaria ser muito mais aprofundado", afirma.
Tendência
O avanço dos investimentos brasileiros no exterior pode ser uma tendência para este ano. "O investimento direto brasileiro no exterior deve em 2010 iniciar um processo de crescimento, ainda que lento. Naturalmente, estou falando dos investimentos que se enraizam na economia estrangeira [compra total ou parcial de participação de uma empresa no exterior, investimentos na criação ou expansão de empresas no exterior, etc]. Claro que com o dólar muito baixo, exportar do Brasil ficou difícil e produzir lá fora tornou-se mais atrativo", explica Celso Grisi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário