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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Governo minimiza crise e Bolsa cai 1,89%
Veículo: DCI   -   Data: 20/05   -   Fernanda Bompan e Ernani Fagundes
SÃO PAULO - Grande parte dos economistas brasileiros está bastante atenta à crise que ocorre em alguns países europeus. Há uma parcela dos especialistas a qual acredita que os problemas fiscais na Europa são mais sérios do que parece e por isso pode afetar economicamente o País, assim como a rolagem da dívida pública federal. No entanto, questionado sobre a possibilidade, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, descartou, ontem, a hipótese, após participar de reunião fechada com parlamentares da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Ele explicou que a dificuldade no endividamento do governo ocorre quando o mercado financeiro doméstico pede taxas mais elevadas pelos títulos públicos do que o Tesouro está propenso a pagar. Essa é uma tendência atual - algo que acontece antes da crise europeia - em que o Tesouro tem recusado as ofertas.
Além disso, o secretário do Tesouro afirmou não ver risco para os títulos da dívida interna e externa com a decisão da Alemanha de proibir operações de venda à descoberto.
A professora de economia da ESPM, Cristina Helena Pinto de Mello, concorda com a afirmação de que a crise europeia não afeta negativamente a rolagem da dívida pública, "até pelo contrário". "Os agentes externos estão com receio de aplicar seus recursos na Europa, por isso buscam outros ativos. Nesse caso, o Brasil desponta como boa alternativa de investimentos. Por isso, acredito que não há como temer riscos, podemos até nos beneficiar", analisa.No entanto, a professora alerta para a possibilidade de fundos internacionais que tem aplicações na Europa e no Brasil terem que resgatar essas ações feitas no País para suprir a necessidade de recursos na região do euro. "Mas não vejo um risco eminente."
Sobre a decisão da Alemanha, ela comenta que o reflexo disso, "é de que mostra que não há cooperação entre os países europeus para combater a crise". O diretor presidente da Fractal, Celso Grisi, faz coro as opiniões. "Mesmo que haja uma falta de liquidez internacional, o Brasil não será afetado, pois o governo captou muito nos últimos meses. Foi percebido o momento e emitiu muito bônus no exterior. Por isso no médio prazo não terá impactos, talvez somente em 2011", aponta o especialista.
Grisi comenta que, apesar de que as exportações brasileiras deverão cair muito por causa da crise europeia, as commodities ainda serão vendidas àqueles países.
Aproveitando a oportunidade, o secretário do Tesouro afirmou que ainda é cedo para se falar em elevação da meta de superávit primário (economia do governo para o pagamento dos juros da dívida pública) das contas do setor público em 2010, fixado em 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas admitiu, pela primeira vez, que é possível o governo fazer um superávit maior na forma de poupança como fez em 2008, ao criar o Fundo Soberano do Brasil (FSB) sem elevar a meta.

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