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terça-feira, 1 de junho de 2010

Impactos são eventuais e estreitos

COREIA DO SUL:
Tensões com Norte contribuem com a instabilidade dos mercados
Veículo: Agência Leia   -   Data: 28/05/10   -   Patrícia Lucena
São Paulo - A escalada das tensões entre as Coreias do Sul e do Norte na última semana voltou a reascender o temor de uma guerra na Ásia, contribuindo para um cenário mais pessimista para os mercados. Entretanto, analistas consultados pela Agência Leia acreditam que os temores são muito mais políticos do que econômicos. Isso porque os problemas financeiros que a Europa está passando podem prejudicar muito mais as economias de todo mundo.
A tensão entre as Coreias é mais uma regra do que uma exceção, segundo o professor de Relações Internacionais da ESPM, Hemi Ozi Cukier, que lembra que isso faz parte de uma disputa de mais de 40 anos que ainda não foi resolvida. "Nunca foi assinado um acordo de paz. Existe um acordo de cessar o fogo momentâneo. As Coreias estão em uma guerra técnica há um bom tempo, e isso nunca irá se resolver por completo, enquanto o governo norte-coreano continuar sendo liderado por Kim Jong-II, em um regime completamente fechado", afirmou.
Após a Coreia do Norte ter sido apontada como responsável por naufragar um navio de guerra sul-coreano, as tensões na Península Coreana aumentaram. O presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-Bak, anunciou que o país iria acabar com o comércio com o Norte e que os navios norte-coreanos não teriam permissão para passar pelas águas do Sul. Com isso, a Coreia do Norte, disse que iria cortar todos os laços com a Coreia do Sul, indo muito além das penalidades impostas por Seul, revogando totalmente o acordo de não-agressão entre o norte e o sul e interromperia completamente a cooperação inter-coreana.
Na opinião do diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi, este é um quadro complicado. "É uma briga histórica, com um radicalismo de lado a lado bem grande. Os apoios aliados a esta natureza ideológica é que nutrem o conflito", avaliou Celso Grisi, lembrando que este é um momento delicado das relações mundiais, devido ao problema que a União Europeia atravessa. "Todos estão muito preocupados, porque as grandes potências encontram fragilidade para realizarem algum apoio maior".
O mercado foi afetado pelo aumento das tensões, mas os problemas financeiros pelos quais a Europa está passando podem afetar muito mais as economias de todo o mundo, de acordo com Hemi Ozi Cukier. "A questão das Coreias só adiciona uma instabilidade aos nervos do mercado", disse.
Na avaliação de Celso Grisi, o mercado sempre fica apreensivo com essas tensões, pois as grandes potências têm que se posicionar, e qualquer posicionamento opõe os mercados.
Há uma tensão crescente como sempre houve desde o final da guerra da Coreia, sobretudo, nos últimos dez anos, segundo o professor de Relações Internacionais e de Comércio Internacional da Universidade Anhembi Morumbi, João Alberto Alves Amorim. "Qualquer iminência de tensão militar, ou de possibilidade de conflito que envolva qualquer agente de economia, como é o caso da Coréia do Sul, vai mexer com os mercados".
Apoio Internacional
Os Estados Unidos e a Coreia do Sul anunciaram que irão realizar novos exercícios militares após terem concluído que a Coreia do Norte afundou o navio sul-coreano. Hoje, o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, chegou a Seul, na Coreia do Sul, e durante reunião com o presidente sul-coreano, o primeiro-ministro chinês pediu a todos os interessados para evitar um agravamento da situação, principalmente de possíveis confrontos, em um esforço conjunto para manter a paz conquistada duramente e a estabilidade na península coreana.
Os Estados Unidos sempre apoiaram a Coreia do Sul. Desta forma, segundo Hemi Ozi Cukier, está havendo uma postura mais dura em relação ao Norte e os Estados Unidos estão agindo da maneira correta.
Tirando o fato deste último incidente, a escalada de tensões entre as Coreias tende s esfriar nos próximos dias com uma intervenção maior da comunidade internacional, na opinião de João Alberto Amorim. "A China já se manifestou repudiando o incidente. A Coreia do Norte, na minha opinião, tem a característica de ser aquele anão chato, que vive criando confusão, mas que no fundo não tem nenhuma envergadura econômica e política para continuar. Por isso, acredito que não vai passar dessa tensão", afirmou.
Segundo João Alberto Amorim, os países têm um acordo de cooperação econômica e de envio de ajuda militar. A Coreia do Norte é um regime muito isolado e depende da ajuda externa. Assim, a comunidade internacional reage às pressões causadas pelo Norte principalmente cortando o dinheiro que é enviado como ajuda.
Unificação
Em relação a uma possível unificação entre as Coreias, como houve com a Alemanha, analistas consultados pela Agência Leia não acreditam que isto seja possível, mesmo após muitas negociações e intervenções internacionais.
Celso Grisi acredita que ainda é muito cedo para pensar em uma unificação da Península Coreana, porque os preconceitos ideológicos teriam que ser abandonados, e o processo de convivência econômica e social entre as Coreias teriam que ser radicalizados. "É um problema muito difícil", afirmou.
Segundo o professor João Alberto Amorim, a unificação é algo que todos esperam, tanto do lado Norte como do lado Sul, mas em um futuro próximo é muito difícil que aconteça. "Enquanto o regime fechado da Coreia da Norte não mudar, a unificação é uma realidade distante. As conversas com as Coreias não irão trazer como resultado imediato a unificação. Se isso acontecer algum dia, será no médio ou longo prazo, e se mudar o regime".

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