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terça-feira, 27 de julho de 2010

Exaustão da política de juros

Selic subiu. Juros e Spreads recuaram.
Parece haver uma certa exaustão da eficácia da política monetária. A própria “mão invisível do mercado” começa a enfiar sua colher nessa panela.
O estoque de crédito, no primeiro semestre, passou a representar 45,7% do PIB (R$ 1,53 trilhão), tendo crescido 8% de janeiro a junho. Os dados do Banco Central mostram que de só de maio para junho, o aumento foi de 2% e de 19,7% em 12 meses.
O curioso dessa história é constatar que a demanda está forte e que mesmo assim o preço do crédito começa a cair. Juros e spreads iniciam um caminho na contramão da Selic. Mais ainda, isso tudo acontece em um mercado financeiro apontado sempre como excessivamente concentrado. A taxa média cobrada caiu, no 2º trimestre, 0,3%. Esse recuo estatisticamente é desprezível. Entretanto ele se dá no momento em que a Selic iniciava seu avanço antiinflacionário. Sai dos 34,9% ao ano e vem para os miseráveis 34,6%. Considerando a Selic, o recúo deixa ser miserável.
Para pessoas físicas, o recuo foi de 1,1 %. Esse, sim, foi ainda mais expressivo. A taxa veio para 40,4% ao ano, o que, sem dúvida, ainda é muito alto. A taxa média só não caiu mais porque o juro cobrado às pessoas jurídicas cresceu mais uma vez de 26,9% para 27,3% ao ano.
Parece que de agora em diante, ou se abaixam os juros e os spreads, ou a população reduzirá seu apetite de crédito. Aliás, é realmente possível acreditar nisso quando vemos que quem puxa esse crescimento, entre as pessoas físicas, são os empréstimos subsidiados à casa própria e o crédito consignado. No caso das pessoas jurídicas, são os empréstimos do com recursos também subsidiados, principalmente, do BNDES.
O melhor dessa história do crédito é ver a “mão invisível”  atuar na política monetária. Os juros caíram em todas as modalidades de crédito, exceto no cheque especial. Em junho, o recuo foi de quase 1% ao ano. O spread bancário recuou 0,4 ponto. No final desse junho, o spread estava em 23,5 pontos percentuais.
A inadimplência ficou praticamente estável (5,0% em junho contra 5,1% em maio). A comemorar, o fato desse ter sido o menor nível desde março de 2009.
O SERASA havia identificado aumento da inadimplência nesse segundo trimestre do ano. Atribuiu a deterioração da qualidade do crédito ao crescimento mais rápido dos empréstimos em relação ao crescimento da renda. Contrariamente, o Banco Central afirma que, para pessoas físicas, a inadimplência é de 6,6%, o que representa uma queda de 1,1 pontos percentuais no primeiro semestre. Em relação às pessoas jurídicas a inadimplência é de 3,6%, com recuo, no semestre de 0,2%.
Tudo leva a crer que o crescimento, por meio de crédito, começa a perder força. Não porque a taxa Selic cresceu, mas porque o consumidor começa a entender que não pode conviver com juros tão altos. Nem ele, nem o sistema financeiro estão respondendo às altas das taxas básicas de juros.
Portanto, para manter a estabilidade da moeda, melhor seria limitar a quantidade de crédito e evitar esse ritmo de expansão. A Selic poderia ficar em torno de 8,5%, num primeiro momento, aliviando consideravelmente as contas públicas e reduzindo a sedução que os juros pagos pelo governo provocam entre os especuladores internacionais.

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